A soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE), Mayara Kelly Mota, foi punida com dois dias de prisão administrativa após ter publicado em 2023 dois vídeos em sua rede social pessoal. Nas gravações, a agente aparecia lavando uma viatura da corporação e ensinando como realizar um torniquete.
Segundo a decisão da PMCE, a policial infringiu o Código Disciplinar Militar ao utilizar a farda e a estrutura policial para se autopromover. A sanção, definida em abril deste ano, previa dois dias de permanência no quartel. A defesa da agente recorreu, mas o recurso foi negado.
Em nota oficial, a Polícia Militar afirmou:
“A Polícia Militar do Ceará (PMCE) informa que, após análise de recursos apresentados pela defesa da policial, manteve a sanção disciplinar aplicada anteriormente.”
Lamentação e mudança de postura
Na última segunda-feira (29), a policial usou seu perfil no Instagram para comentar a decisão. Segundo ela, a punição foi um choque:
“É uma sanção grave a qual eu nunca pensei em ter na minha ficha, pois para mim nunca cometeria algo que pudesse manchar meu assentamento disciplinar durante minha caminhada aqui”, escreveu.
Mayara explicou que os vídeos foram gravados como demonstração de orgulho pelo trabalho, sem imaginar que poderiam trazer consequências disciplinares. Apesar da frustração, disse que cumprirá a punição “de cabeça erguida”.
A militar também declarou que não pretende mais expor nada relacionado à sua profissão nas redes sociais:
“A partir desse momento eu nunca mais postarei nada sobre minha profissão, não haverá mais foto alguma no meu perfil, vou deixar para quem pode e quem ainda se orgulha da farda que usa.”
Reflexão sobre futuro profissional
Em tom de desabafo, a policial revelou que pretende se dedicar aos estudos para buscar novas oportunidades fora da corporação:
“Quero trabalhar em um lugar em que eu me sinta valorizada e onde eu possa compartilhar com orgulho aonde consegui chegar com esforço e dedicação.”
Debate sobre redes sociais e farda
O caso reacende o debate sobre os limites do uso das redes sociais por militares. Enquanto parte da tropa vê a internet como ferramenta para aproximar a sociedade da corporação, os regulamentos internos reforçam a disciplina rígida e a necessidade de preservar a imagem institucional.
A punição aplicada a Mayara Kelly expõe a tensão entre a liberdade de expressão individual e a hierarquia militar, em um cenário no qual cada vez mais agentes utilizam plataformas digitais para compartilhar o dia a dia da profissional.
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