Nos bares, nas mesas e nas conversas de Fortaleza, um novo assunto tem tomado conta: o medo do metanol.
A bebida que antes representava alegria e tradição — a caipirinha — agora desperta desconfiança. Em seu lugar, cresce a preferência pela cerveja, vista como um porto seguro em meio à incerteza.
O motivo? Casos recentes de intoxicação por metanol em diversas regiões do país, que acenderam um alerta vermelho entre consumidores e donos de bares.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 100 casos estão sob investigação, com 11 confirmações e uma morte registrada. Embora o Ceará ainda não tenha registros, o medo já chegou às mesas cearenses.
“Hoje, o cliente prefere pedir o que vem lacrado, com marca conhecida. A caipirinha quase não sai mais”, conta o gerente de um bar na Praia de Iracema.
A fala dele resume o novo comportamento do público: cautela, desconfiança e mudança de hábitos.
A preocupação não é à toa. O metanol é uma substância altamente tóxica, usada de forma ilegal na produção de bebidas clandestinas. Seu consumo pode causar cegueira, danos renais irreversíveis e até a morte. Uma ameaça invisível que transformou o prazer de brindar em motivo de medo.
Em resposta, a Secretaria da Fazenda do Ceará intensificou as fiscalizações e já apreendeu cerca de 60 mil garrafas de cachaça sem nota fiscal na Região Metropolitana de Fortaleza.
A ação visa conter o avanço de produtos falsificados e devolver ao consumidor a segurança de poder beber sem risco.
Mas nem tudo é desconfiança. Produtores sérios e bares responsáveis estão se unindo para resgatar a confiança na verdadeira cachaça brasileira, a que carrega história, cultura e identidade.
“Não é a cachaça que está em perigo. É a falsificação que está manchando o nome dela”, destaca um especialista do setor.
No fim das contas, essa mudança vai além da escolha entre cerveja ou caipirinha. Ela fala sobre responsabilidade, segurança e valorização do que é feito com honestidade.
Antes de brindar, o consumidor de Fortaleza aprendeu uma lição importante: o sabor da confiança é o único que não pode faltar no copo.
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