A reportagem mostra o drama que os moradores da zona rural de pentecoste enfrentam por conta da falta de água.
Chega o Verão, aumentam as temperaturas e, consequentemente, cresce o consumo de água. Em muitas comunidades esse ciclo não afeta muito o dia a dia das pessoas – com exceção em períodos de seca. Muitas famílias da zona rural do município de Pentecoste sofrem com o desabastecimento por conta da alta demanda e falta de planejamento da administração municipal.
Em Pentecoste, essa problemática afeta centenas de moradores há anos, principalmente por conta da falta de planejamento estratégico, estrutural operacional do Poder Público Municipal e empresas privadas. Fato é, que por conta de sua grande extensão territorial muitos moradores de comunidades do interior do município acabam tendo uma dificuldade imensa para receber uma água potável boa, tratada e de qualidade. Na teoria seria assim, mas na prática, a realidade é bem diferente do que imaginamos.
A reportagem do Blog Notícias de Pentecoste visitou nesta sexta-feira (13) de agosto, três localidades do interior do município, onde os moradores estão sendo prejudicados há tempos por conta da falta d´água nas comunidades rurais. Encanação para receber o liquido até tem, o que não tem mesmo, é ação do poder municipal para resolver o problema.
Naturalmente, a maior parte das casas em zonas rurais está distante de centros urbanos. Além disso, cada propriedade também costuma ficar longe uma da outra. Com isso, levar as tubulações dos sistemas públicos de abastecimento de água fica muito mais difícil e custoso.
Infelizmente esses sistemas de abastecimento das zonas rurais são dependentes de poços artesianos, que não suportam altos picos de consumo. Nestes casos, é importante que os moradores dessas localidades rurais façam o uso consciente da água.
Na comunidade de Mocó, na residência da dona Francisca Nojosa, não cai uma gota de água nas torneias da casa há pelo menos dois meses. Em entrevista ao blogueiro Zé da Legnas, a idosa conta que tudo ficou apenas como promessa. Segundo ela, por diversas vezes foi solicitado uma carrada de água potável, porém, até hoje, após três meses, água ainda não chegou.
Dona Francisca relatou que para conseguir água para beber e cozinhar, é preciso se deslocar até outra comunidade, no Salgado, para poder ter acesso ao liquido. A moradora finaliza dizendo que "a comunidade só é vista ao olhos do poder público em época de eleição".
Em Sítios Novos de Cima, comunidade de Pentecoste que faz fronteira com o município de Caucaia, nossa equipe encontrou um poço com cerca de 5 metros de profundidade, localizado no leito do rio São Gonçalo, é responsável por distribuir água á outras comunidades da região, como o Calumbi e Macacos. Acontece, que a captação e distribuição deveria ser feita no Sítios Novos, distrito do município de Caucaia. Por conta do baixo volume, motores fazem o bombeamento do poço, o que acaba prejudicando muitas famílias. Isso por o equipamento dispõe apenas de uma bomba para dar conta da alta demanda. De acordo com Waldemar, responsável por fazer a divisão da água do poço para as comunidades, uma segunda bomba foi comprada para melhorar o sistema de destruição, mas está inutilizada pelo fato de não ter sido montada ainda.
Em Mororó, encontramos uma Caixa d´água construída pela Prefeitura Municipal de Pentecoste. O equipamento foi instalado a princípio com a capacidade para armazenar 20 mil litros de água. Porém, após uma medição, foi constatado que a mesma só suporta uma quantidade de 12 mil litros, ou seja, muito abaixo do que foi prometido e construído pela gestão municipal.
Já em Arisco, a situação da falta de água na comunidade não é diferente. O drama dos moradores da localidade infelizmente é um problema que já ocorre há décadas. Muitos precisam acordar às 5h e caminhar quilômetros para buscar água em um açude mais próximo. Segundo populares, moradores esperam até 15 dias para que chegue uma carrada d´água enviada pela Defesa Civil do município. Luís, que mora em Fortaleza, mas que tem uma residência na comunidade, afirma que todas as vezes que retorna ao local com a família para aproveitar o final de semana diz nunca ter água nas torneiras. Ele conta que recentemente, está tendo que retirar água da sua cisterna para irriga as plantas que ele possui na propriedade, e que muitas vezes tem que tirar dinheiro do próprio bolso para comprar água para encher novamente sua cisterna.
As comunidades que não possuem abastecimento recebem água por meio de carro pipa, fornecido pelo município para encher as cisternas. Porém, os moradores relataram que quando foram solicitar o serviço à prefeitura, foram informados que o local tem água encanada, situação que é negada pelos moradores algumas vezes. Acontece que segundo populares da localidade, água nas torneira " é um dia sim e três não".
Sem o abastecimento e pela necessidade, muitas vezes, moradores precisam buscar água em em açudes com água imprópria para consumo. Fato que já é de conhecimento das autoridades municipais.
Em 2019, o Brasil possui uma população de 29,9 milhões de pessoas residindo em localidades rurais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses residentes distantes do meio urbano formam 8,1 milhões de domicílios.
Quando se trata de saneamento básico, a falta de água potável é recorrente. A ausência de abastecimento e atendimento precário de água na zona rural atinge pelo menos 34,5% dessa parcela populacional.
Além da saúde, outros fatores estão associados a falta de abastecimento de água na zona rural. Entre eles, a falta de moradia regular e a desigualdade socioeconômica.
Chuvas no Ceará
A média histórica de chuvas no Ceará é de 695.8 mm. No ano de 2020, o número foi de 728.6 mm entre fevereiro e maio de 2020. Em 2019, foram 671.9 mm acumulados no Estado, enquanto em 2018 a quadra chuvosa marcou 597.7 mm.
Entre 2011 e 2016, quando o Estado enfrentou seca intensa, os registros ficaram todos abaixo da média, sendo o menor em 2012: 289.8 mm acumulados. Até o momento, no quadrimestre, os maiores acúmulos de precipitações foram registrados no mês de março - com 188.6 mm - e o mês atual registra o menor índice, com 95.1 mm.
Açude de Pentecoste
Embora a quadra invernosa deste ano de 2021 tenha ficado abaixo da média histórica, o aporte hídrico do reservatório Pereira de Miranda ainda possui 13,62% da sua capacidade total de armazenamento, o que representa 49 milhões de metros cúbicos. Com uso consciente de água, o manancial pode atender a demanda do município por quase três anos.
O abastecimento de água na zona rural enfrenta dificuldades que não são impossíveis de resolver. De fato, a maior delas é a viabilização política, pois esses lugares não há infraestrutura básica para operacionalizar os serviços de saneamento.
Por meio de obras para melhorar, ampliar e revitalizar infraestruturas de abastecimento e distribuição de água e o uso de tecnologias e inovações do setor de saneamento, é possível melhorar o cenário do abastecimento de água em regiões rurais. Para isso, é necessário que haja investimentos privados e públicos nesse segmento.
É extremamente preocupante a situação da falta de abastecimento de água potável em que vivem algumas comunidades rurais da região, a prefeitura municipal, até por uma questão humanitária, tem a obrigação de fazer alguma coisa para amenizar e reverter essa situação calamitosa que vivem muitos pentecostenses por conta da falta de água.
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