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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Como agricultores se preparam para ano de poucas chuvas no Ceará

Cultivo não irrigado representa 95% da área de plantio do Ceará. Centro-Sul tem maior tendência de chuvas abaixo da média em 2021, conforme prognóstico da Funceme. Quadra chuvosa começou ontem após um janeiro com precipitações muito abaixo da média.

📷Foto: Reprodução/ Internet

Diferentemente do ano passado, a quadra chuvosa que se iniciou ontem no Ceará tem prognóstico de precipitações abaixo da média. No Centro-Sul, onde estão os maiores açudes do Estado, a previsão é que anormalidades negativas tragam ainda menos água para a região. Nos reservatórios, a situação é melhor que a de anos anteriores para atravessar um ano que pode ser de seca, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Porém, para agricultores que dependem somente das chuvas para manter a produção, a situação é desafiadora. Sem irrigação, eles investem em práticas de convivência com o semiárido.

"Um inverno abaixo da média sempre nos preocupa bastante", afirma Pedro Neto, integrante da direção central do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Ceará e assentado no assentamento Palmares, em Crateús. "Chuvas abaixo da média com certeza trarão consequência para nossa produção no geral, porque tem a ver com o ciclo de produção dos alimentos que estão diariamente na mesa e também com os pastos naturais de onde ainda depende grande parte da alimentação dos animais", explica.

A família de Neto é uma das 70 que vivem e produzem em Palmares, fornecendo uma diversidade de alimentos no mercado convencional (em feiras, por exemplo) e por meio de programas institucionais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). "Temos desenvolvido práticas de convivência com o semiárido. Uma estratégia que é histórica e que nos fortalece. Nesse momento, como há uma certa ameaça de não termos um bom inverno, essas práticas devem ser priorizadas", analisa o agricultor. "Garantir a adequação de cisternas, trabalhar com o reuso de água, utilizar a irrigação por gotejamento e manter palma forrageira para os animais", cita.

A agricultura não irrigada, que depende exclusivamente da água das chuvas, corresponde a 95% da área de plantio no Ceará e produziu mais de 3,5 milhões de toneladas em 2019, o equivalente a 72% do total daquele ano, conforme os dados mais recentes da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet). É também maioria no Estado a agricultura familiar. Dados do Censo Agropecuário de 2017 indicam que ela está presente em todos os municípios e representa 75% dos estabelecimentos agropecuários do Ceará.

Para Marcus Vinícius de Oliveira, agrônomo e diretor presidente do Esplar — Centro de Pesquisa e Assessoria, a agricultura cearense "é e sempre vai ser de sequeiro". "Não se pode fazer uma irrigação no Ceará como se faz no Centro-Oeste ou no Sul. Aqui, onde tem água não tem solo produtivo e onde tem solo não tem água. Ibiapaba, Acaraú, Curu, Jaguaribe e Cariri é onde é possível fazer, mas existem muitas áreas em que a solução é a convivência com o semiárido", afirma. "Já tivemos propostas de combater a seca e construir açudes, mas não é uma solução pois não são democratizados. Acumulam muita água, mas não chegam a muita gente."

Vanusa Inácio de Carvalho, agricultora da comunidade rural Irapuá, de Nova Russas, é uma das beneficiárias do trabalho de assistência técnica para implantação de sistemas agroecológicos desenvolvido pelo Esplar. Vanusa tem um quintal produtivo, garantindo alimentos para os quatro integrantes da família e gerando uma pequena produção para venda. "Quando entra janeiro e fevereiro, a gente fica na expectativa de que vai chover para começar a fazer as nossas plantas, preparar as sementes e as mudas", conta. "Sem chuva, a gente não tem expectativa para plantar e, para o agricultor, o ano só começa quando começam as chuvas."

Em seu quintal, ela tem um cacimbão e uma cisterna de primeira água que garantem abastecimento para consumo da família durante o ano. Há também um bioágua, equipamento que filtra as águas provenientes do banho e da lavagem de roupas e louça, conhecidas como água cinza. Após o processo, a água torna-se apta a ser utilizada na irrigação do quintal produtivo. "Tem de usar com cuidado, mas mesmo em quadra de pouca chuva a gente garante para o ano todo. Pode até não ter uma grande produção, mas consegue produzir", garante.

Outra estratégia é se adequar aos cultivos de ciclo curto para evitar perdas, como coloca José Francisco de Almeida, secretário de políticas agrícolas da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultoras e Agricultores Familiares do Estado do Ceará (Fetraece). "Recebemos com certa precaução o prognóstico dessa quadra chuvosa. Se temos uma quadra em torno da média, temos uma alta produção; mas, quando ela se concentra intensa ou falha, isso vai resultar em uma queda de produtividade", expõe. "Não é deixar de plantar, mas orientar nossos agricultores para plantar dentro do período aproximado de mais chuva. Assim, seria suficiente para colher o que se plantou."


O POVO Online

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