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terça-feira, 21 de julho de 2020

Homicídios crescem em todas as regiões do Ceará no primeiro semestre de 2020

Aumento nos assassinatos de mulheres, crianças e adolescentes também preocupam.

Por Messias Borges


Em todo o Ceará foram 2.244 crimes, mais que o dobro de assassinatos ocorridos nos seis primeiros meses de 2019 — Foto: Arquivo

Todas as 22 Áreas Integradas de Segurança (AISs) do Ceará - como divide a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) - registraram aumento de homicídios no primeiro semestre de 2020. Em todo o Estado, foram 2.244 crimes, mais que o dobro de assassinatos ocorridos nos seis primeiros meses de 2019, que teve 1.106 casos. O crescimento do índice foi de 102,89%.

A AIS 8 (Barra do Ceará, Pirambu, Vila Velha e Bairros próximos de Fortaleza) teve o maior aumento percentual de homicídios no comparativo dos dois períodos, 269,57%, ao passar de 23 crimes para 85.

A pesquisadora do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), socióloga Suiany Moraes, acredita que 2019, que terminou com redução de 50% no número de homicídios em relação a 2018, “foi um ano fora da curva”.

“Quando chegou 2020, a gente viu que não houve uma consolidação dessa queda de homicídios. A gente teve duas coisas que é importante observar: a paralisação da Polícia (Militar), quando teve um crescimento exponencial de homicídios. A segunda é que estamos vivenciando a pandemia de Covid-19, com o isolamento social, e todos os olhos estavam voltados para isso, enquanto os territórios da periferia estavam sendo vividamente disputados”, completa.

A socióloga afirma que a AIS 8 é uma das áreas mais afetadas pela guerra entre facções criminosas: “Na região da Barra do Ceará, a disputa é rua a rua. Todo dia tem tiroteio. Enquanto a pandemia está em evidência, tem uma guerra travada".

A SSPDS ressaltou, em nota, que o Estado apresentou redução de homicídios de 2,4% e de 5,7%, no comparativo do primeiro semestre de 2020 com igual período de 2017 (2.299 crimes) e de 2018 (2.380 casos), respectivamente.

A Pasta reconheceu que busca retornar aos “números históricos” de homicídios registrados em 2019: "O intuito do Estado hoje é reorganizar suas estratégias de combate à criminalidade, que foi impactada, em 2020, pelo motim de parte de policiais militares, já no começo do ano. No período, houve diminuição do policiamento ostensivo e foi verificado o acirramento da rixa entre grupos criminosos".

"Já durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), houve também uma diminuição de profissionais de segurança nas ruas, em razão da contaminação pela doença", justifica.

Em números absolutos, as áreas que tiveram os maiores números de homicídios no Ceará, no primeiro semestre de 2020 (como aconteceu em igual período de 2019), ficam na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF): a AIS 11 (Caucaia, Paracuru, Trairi e municípios próximos), com 265 homicídios; e a AIS 12 (Maracanaú, Maranguape, Itaitinga e outros), com 245 crimes.

Mulheres vítimas

Os dados da SSPDS trazem também um aumento nos assassinatos de mulheres. Foram 192 crimes em todo o Ceará, contra 103 nos seis primeiros meses do ano passado. O aumento foi de 86,41%.

A socióloga Suiany Moraes ressalta o crescimento de feminicídios no Ceará: “A violência contra a mulher está muito forte nessa quarentena. É uma violência ainda mais invisibilizada, porque acontece entre quatro paredes, dentro de uma casa”.

Crianças e adolescentes

Outro público vulnerável que tem sido vítima de mais homicídios no Ceará é o de crianças e adolescentes. As estatísticas mostram que a faixa etária de 0 a 4 anos teve o maior aumento de mortes, do primeiro semestre de 2019 para igual período de 2020, 500%, ao passar de uma morte para seis casos.

Entre 10 a 14 anos, teve o segundo maior aumento: 270%, ao subir de 10 para 37 crimes. E entre 15 e 19 anos, a terceira maior variação: 141,56%, ao aumentar de 154 para 372 homicídios.

Para Suiany, também há relação desse aumento com o isolamento social da pandemia: “A criança e o adolescente têm a questão da escola, que faz um papel de acompanhamento cotidiano das violências que elas estão vivendo. A professora conhece seu aluno, tem condições de perceber as mudanças do aluno e acionar mecanismos de proteção. Com a pandemia, não tem isso. Se você tem situações de fragilidade, elas só vão se fragilizando ainda mais. Quando a gente vai ver onde estão acontecendo esses homicídios, são em lugares vulneráveis, de extrema pobreza”.

Sobre as ações realizadas para evitar crimes contra populações vulneráveis, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social informou que começou a expansão do Programa de Proteção Territorial e Gestão de Riscos (Proteger) para a Região Metropolitana de Fortaleza, com a instalação de uma base em Caucaia. E prometeu a instalação de 15 bases da Polícia Militar em territórios com altos índices de homicídios, ainda neste ano.

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