Dois assassinatos nos presídios em 24 horas

O assaltante ´André Cabeção´ (camisa vermelha) havia sido preso em setembro de 2005 após matar o vigilante de uma farmácia. Na madrugada de ontem, foi executado no IPPOO A briga pelo domínio na venda de drogas na cadeia teria sido o motivo dos dois assassinatos no IPPS e no IPPOO I

Dois presos mortos e outros dois gravemente feridos em menos de 24 horas. Este foi o resultado de novos episódios de violência nas unidades que integram o Sistema Penal do Ceará. Os crimes ocorreram entre a noite de segunda-feira e o começo da madrugada de ontem. Por trás das mortes e agressões teriam ´acertos de conta´ entre os detentos em consequência da venda de drogas nas cadeias.

O primeiro assassinato aconteceu ainda na noite de segunda-feira, por volta das 20 horas, quando os agentes penitenciários de plantão no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em Aquiraz, foram avisados por outros presos de que um corpo havia sido jogado em um beco que dá acesso ao pavilhão oito, o P-8, onde estão confinados cerca de 200 internos.

Executado
Rapidamente, os agentes se deslocaram até o pavilhão e acabaram encontrado o cadáver. O morto era o presidiário identificado como Amaury Teixeira da Silva. No corpo da vítima ficaram as marcas da crueldade, vários golpes de cossoco e fraturas provocadas por pancadas com barras de ferro. "O rosto dele ficou completamente desfigurado", disse um dos agentes ouvidos, por telefone, pela Reportagem. O cadáver foi encaminhado ao necrotério da Perícia Forense do Estado (Pefoce).

Nenhum dos presos do P-8 assumiu a autoria do crime. Mas, segundo fontes da penitenciária, um ´acerto de contas´ pela venda de drogas teria sido a causa do assassinato. Horas antes, outro detento, identificado como Antônio Leandro Veríssimo de Sousa, havia sofrido semelhante tipo de agressão, mas conseguiu ser socorrido ainda com vida. Ele permanece, em estado grave, no IJF-Centro.

Segunda morte
Na madrugada de ontem, o palco da violência foi o Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira I, o antigo IPPOO I, situado na Avenida dos Expedicionários, no bairro Itaperi.

Durante uma briga dentro de uma das galerias, o detento Luís André Alencar Alves, o ´André Cabeção´, foi morto com várias estocadas, pauladas e golpes com barras de ferro. Outro interno, identificado como Carlos Alexandre Pereira de Sousa, ficou gravemente ferido.

Na tarde de ontem, a Polícia Militar realizou uma operação de varredura no IPPOO em busca de localizar as armas utilizadas pelos assassinos.

´André Cabeção´ era considerado preso de alta periculosidade, sendo conhecido da Polícia desde 2005, quando cometeu um crime de latrocínio (roubo seguido de morte) em plena Aldeota. Foi na noite de 20 de setembro daquele ano, por volta das 19 horas, quando ele e seu comparsa, Paulo Henrique Castro da Costa (primos), assaltaram uma filial da rede de farmácias Pague Menos, situada na Avenida Santos Dumont. Na ocasião, o vigilante Edglê Vieira do Nascimento reagiu e acabou sendo morto com um tiro no peito disparado por André.

Prisão
Os dois assaltantes fugiram de Fortaleza, mas, uma semana depois, foram capturados pela Polícia Militar no Município de Trairi (Litoral Oeste do Ceará). Na época, o cerco aos bandidos foi comandado pelo então major (hoje, coronel e já anunciado novo comandante-geral da PM) Werisleik Ponte Matias. ´André Cabeção´ estava ferido ao ser detido. Ele havia sofrido um tiro na perna durante o assalto.

FERNANDO RIBEIRO / DN