Foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão contra traficantes e policiais militares suspeitos.
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), e a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), por meio da Coordenadoria de Inteligência (Coin), deflagraram, na manhã desta quinta-feira (02/02), a nona e a décima fases da Operação Gênesis. O objetivo é cumprir cinco mandados de prisão preventiva e 31 mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Caucaia, Pacatuba e Maranguape. Os mandados foram expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas e pela Vara da Auditoria Militar do Estado do Ceará e cumpridos com apoio do Departamento Técnico Operacional (DTO) da Polícia Civil, da Assessoria de Inteligência da Policial Militar (Asint) e do Comando Geral da Polícia Militar.
Nestas fases da operação, o Gaeco e a SSPDS desvelaram a existência de uma organização criminosa encabeçada por um policial militar, a qual era formada, eminentemente, por policiais militares e por pequenos e médios traficantes locais. O grupo era responsável pela prática de uma série de graves infrações penais, dentre elas: extorsão, roubo, tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico, organização criminosa, corrupção passiva e comércio irregular de armas e munições.
Durante as investigações, ficou evidente que o grupo criminoso era detentor de uma estrutura bem delineada, sendo a célula policial formada por 17 policiais militares e especializada em prestar apoio aos criminosos associados. O intuito era neutralizar a concorrência no comércio de entorpecentes nas áreas de atuação. Eles se aproveitavam da condição de agentes da lei para cobrar propinas, obter informações privilegiadas acerca de infratores rivais do grupo e, até mesmo, revender os materiais apreendidos, o que lhes rendiam vantagens financeiras.
Investigação
A “Operação Gênesis” teve início no final do ano de 2016, com o objetivo de desvendar as ações delituosas de grupos ligados a organizações criminosas, responsáveis pelo tráfico de drogas e armas, assaltos e homicídios na capital cearense e Região Metropolitana de Fortaleza. Durante a investigação, foi possível identificar o envolvimento de traficantes com policiais, que se estruturaram de forma organizada para realizar vários crimes.
A organização criminosa era integrada, em sua maioria, por agentes e ex-agentes de segurança pública do Estado, além de pequenos e médios traficantes locais. Juntos, eles praticaram uma série de infrações penais, notadamente os crimes de extorsão, organização criminosa, comércio ilegal de arma de fogo e outras condutas correlatas.
Os alvos dos policiais eram cuidadosamente escolhidos entre traficantes com considerável poder aquisitivo ou que já tinham alguma passagem pela Polícia, o que facilitava as exigências, as abordagens e o alcance das vantagens almejadas pelo grupo. Os agentes públicos tinham acesso ao sistema de informações da Polícia para selecionar as “vítimas” e planejar as ações.
Retrospectiva
Na primeira fase da Operação Gênesis, deflagrada em setembro de 2020, foram cumpridos 17 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Maracanaú. Do total de alvos, nove eram policiais militares da ativa, três eram policiais civis da ativa e cinco eram civis (sendo quatro homens suspeitos de atuarem como traficantes e um policial civil aposentado, apontado como o líder da organização criminosa).
Na segunda fase da Operação, deflagrada em outubro de 2020, foram cumpridos 16 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Caucaia. Entre os alvos estavam três policiais militares e três policiais civis da ativa, nove suspeitos de tráfico de drogas e um ex-policial militar.
Na terceira fase da Operação, em maio de 2021, foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, sendo 21 contra integrantes de organizações criminosas (oito já recolhidos ao sistema penitenciário estadual) e cinco contra policiais militares do Ceará em Fortaleza e em Caucaia.
Na quarta fase da Operação, em julho de 2021, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, dentre eles sete mandados de condução coercitiva contra policiais militares e um mandado de prisão contra um militar apontado como líder do grupo, além de medidas cautelares restritivas em desfavor de todos os suspeitos.
Na quinta fase, em setembro de 2021, foram cumpridos cinco mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas em Fortaleza e Pacatuba. Ainda houve o cumprimento de mandados em três unidades prisionais do Estado. Na ocasião, foi desarticulada uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas ilícitas, receptação e desmanche de veículos roubados.
Na sexta fase da operação, em fevereiro de 2022, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão, todos na cidade de Fortaleza, havendo ainda o cumprimento dos mandados em duas unidades prisionais do Estado do Ceará. Nessa fase da operação foi desarticulada uma organização criminosa conhecida nacionalmente, com atuação preponderante no bairro Jangurussu, na Capital, que se dedicava ao tráfico ilícito de drogas.
Na sétima fase, em abril de 2022, foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão na cidade de Fortaleza, na região metropolitana e no interior do Estado. Na ocasião, foi desarticulado um núcleo que integrava uma facção criminosa, com envolvimento em tráfico de drogas ilícitas, comercialização ilegal de arma de fogo, dentre outros crimes, com atuação preponderante na região dos bairros Serrinha e Itaoca, em Fortaleza.
Na oitava fase, em julho de 2022, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão na capital e na região metropolitana do Estado. Na oportunidade, foi desarticulada uma organização criminosa encabeçada por um policial militar que contava com o auxílio de narcotraficantes, cujo objetivo era identificar indivíduos envolvidos em ações criminosas para, posteriormente, obter vantagens ilícitas. O grupo atuava em Fortaleza e era suspeito de envolvimento em crimes de extorsão, de tráfico de drogas ilícitas, de integrar organização criminosa, dentre outros.
Ao total, já foram expedidos 104 mandados de prisão preventiva, assim como 137 mandados de busca e apreensão nas dez fases da Operação Gênesis. Os referidos mandados foram expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas e pela Vara da Auditoria Militar do Estado do Ceará.
MPCE
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