Em busca do sonho de tornar-se reconhecida profissionalmente, com direito a ter nome no IMDb (plataforma internacional de informações sobre produções audiovisuais), Naiara divide-se entre seu trabalho como modelo e atriz em filmes e séries internacionais.
Natural de Pentecoste, a cearense Naiara Moraes protagoniza o curta-metragem francês, gravado na Bélgica “La Fin De Tout”, que estreou em novembro de 2022. Em busca do sonho de tornar-se reconhecida profissionalmente, com direito a ter nome no IMDb (plataforma internacional de informações sobre produções audiovisuais), Naiara divide-se entre seu trabalho como modelo e atriz em filmes e séries internacionais.
Naiara conversou com o Vida & Arte e falou sobre os desafios da atuação internacional e seus desejos para o futuro. Confira:
O POVO - Como foram as filmagens de “La Fin De Tout”?Naiara - Foi tudo muito tranquilo e divertido. A equipe de produção foi muito amigável e nos entendemos muito bem. Não foi preciso repetir muitas vezes as cenas e conseguimos gravar as minhas partes em apenas dois dias. O restante das gravações foram feitas sem mim.
O POVO - Eu li que você não teve tempo de ensaiar as cenas de “La Fin De Tout” antes de começar as filmagens. Como foi esse desafio?Naiara - Nas produções que eu participo, os atores se encontram no estúdio ou no local de gravação, nisso, levamos dias e até meses ensaiando as cenas. Dessa vez foi tudo muito rápido. Eu recebi o script todo em francês e em menos de dez dias depois já estávamos filmando. O ator Mathieu Laviolette, que fez o papel de Hector, não teve tempo de encontrar-se comigo antes das gravações para ensaiar as cenas e, apesar de ter algumas palavras que eu não sabia bem como pronunciar, não houve um só momento em que eu pensei em desistir.
O POVO - E a relação com todas as pessoas da produção, desde direção, atores, suporte… Como é a recepção deles com uma brasileira?Naiara - Eu me senti muito bem acolhida! Inclusive, eu estava muito preocupada com o meu sotaque brasileiro, mas todos me disseram para não me preocupar com isso e até disseram que era "fofo". Como eu estava resfriada durante as filmagens, o ator Mathieu Laviolette me ofereceu sua jaqueta e, no segundo dia quando estava chovendo, a produção me ofereceu um guarda-chuva e foram todos muito atenciosos comigo. Deu pra ver que eles estavam muito contentes de trabalhar comigo. E eu com eles, é claro!
O POVO - Me conta um pouco sobre a ideia do curta-metragrm.Naiara - “La Fin De Tout” se trata de um triângulo amoroso (se é que eu posso descrever assim) entre Eva, Hector e Christa. Hector, o protagonista da história, se apaixona por Eva, uma enfermeira de um hospital psiquiátrico, no qual Christa, esposa de Hector, faz um tratamento. No curta-metragem, eu fiz o papel de Eva.
O POVO - Além de “La Fin De Tout”, quais as outras produções você já participou? Não apenas estrangeiras, mas contando também com as nacionais.Naiara - Eu nunca fiz nenhum trabalho de atuação no Brasil. Tudo o que fiz como atriz aconteceu na Bélgica. Antes de “La Fin de Tout”, minha participação mais recente foi para “Zillion” (filme de 2022) no qual eu trabalhei como extra. Antes disso, fiz alguns trabalhos em 2019, quando apareci em diferentes episódios de “Red Light” (série de TV de 2020, estrelada por Carice Van Houten - que interpretou Melisandre em “Game of Thrones”), em “Undercover II” (série de 2019, estrelado por Tom Waes), “Fair Trade” (de 2020, estrelado por Axel Daeseleire) e na série escandinava “Cold Courage”, também de 2020, protagonizado por Pihla Viitala. No entanto, sou conhecida aqui na Bélgica principalmente pelos meus trabalhos de modelo e pelo minha atuação em “De Drie Wijzen” (série televisiva de 2018), no qual trabalhei ao lado do ator Tom Audenaert. Em 2012, fiz meu primeiro trabalho de atuação para a série “The Spiral”, estrelada por Johan Leysen. Antes disso, trabalhei como modelo.
O POVO - Você almeja voltar para o Brasil e participar de produções nacionais?Naiara - Sim. Se aparecer alguma oportunidade de trabalhar como atriz no Brasil, eu não pensaria duas vezes! Estou disposta a mudar de país a qualquer momento pela minha carreira. Eu não tenho filhos, nem namorado, nem gato ou cachorro. Nem uma planta eu tenho pra cuidar. Se a oportunidade de ir filmar em um outro país bater à porta, eu não pensarei duas vezes.
O POVO - Qual a sua inspiração para na atuação?Naiara - Minha grande inspiração sempre foi a estrela do cinema norte-americano Marilyn Monroe, por ela ter sido uma pessoa tão determinada e ido em busca dos seus sonhos, enfrentando todas as dificuldades da época. Uma vez eu assisti um documentário sobre ela e o então diretor de elenco da 20th Century Fox, que também era caçador de talentos e encontrou e contratou Marilyn Monroe em 1946, Ben Lyon, disse: “Ela chegava no estúdio todos os dias muito cedo e fazia as sessões de fotos. Além das sessões, ela fazia aulas de teatro por três horas e almoçava. Depois do almoço, ela fazia aulas de dança, canto e aulas de esgrima, por uma hora cada, e então ia para o fundo do estúdio e cavalgava. Um dia eu perguntei à Marilyn: ‘Minha querida, por que você trabalha tanto? As outras atrizes que estão sob contrato sempre chegam atrasadas. Eu ligo às 11 horas e elas ainda estão dormindo, por terem saído pra farrear na noite anterior.’ e Marilyn respondeu: ‘Sr. Lyon, eu trabalho duro porque um dia, talvez a oportunidade bate à minha porta, e eu quero estar preparada’”. E eu nunca me esqueci disso. Essa frase da Marilyn me inspirou a buscar aprender mais na minha área e ir em busca dos meus sonhos. Existem outras atrizes que também me inspiram como Emma Watson, por sua simplicidade, e Angelina Jolie, por seu trabalho humanitário.
O POVO - E quando que iniciou o seu contato com a arte? O que te interessou para desejar se tornar atriz?Naiara - Desde criança sempre fui fascinada pelo mundo do espetáculo. Música, dança e teatro sempre me fascinaram, mas foi aqui na Bélgica que eu decidi investir na carreira de atriz. Eu estudava em Amsterdam para tornar-me aeromoça e trabalhava como recepcionista de um hotel em Antuérpia. Em julho de 2016, eu sofri um acidente que mudou minha forma de ver a vida. Eu fiquei meses em casa sem poder andar, fazendo fisioterapia e me recuperando do acidente. Nesse período de tempo eu percebi que a vida é curta demais para não fazer o que ama e aquilo que nos faz bem, foi então que eu decidi ir atrás dos meus sonhos. Juntei dinheiro e pesquisei escolas de cinema em Hollywood, mas como não tinha visto para os EUA e as escolas cobravam um absurdo para emitir um visto de estudante, eu decidi fazer teatro aqui em Bruxelas. Eu tinha 29 anos quando ingressei na École LASSAAD. Foi quando eu percebi que queria seguir com a atuação. Saí da escola pra me dedicar aos trabalhos de atriz, estava indo muito bem até que chegou o Covid-19 e todos os projetos que eu tinha para 2020 foram por água abaixo. Felizmente as coisas estão voltando ao normal e eu consegui filmar essa curta-metragem em 2022.
O POVO - Você mora há quanto tempo na Bélgica?Naiara - Eu moro na Bélgica há quase 13 anos. Vim pra cá aos 21 anos de idade e estou com 33 agora.
O POVO - Como foi essa mudança de país, sair da sua terra natal e se aventurar em outra nação?Naiara - A jornada não foi fácil, principalmente por estar longe da minha família. Quando eu cheguei na Bélgica, em julho de 2010, eu era ingênua, inexperiente e despreparada. Não me casei, nem tive filhos, mas adquiri um conhecimento precioso, uma experiência de vida incrível e uma preparação que será útil nas próximas décadas. Tenho orgulho de mim mesma por ter aprendido inglês sem ir à escola e por falar cinco idiomas atualmente. Orgulho de ter trabalhado duro para estar onde estou hoje, de ser uma mulher forte e independente e de não desistir nas tantas vezes que pensei que iria. Ainda não cheguei onde eu desejo chegar, mas sou grata por tudo que conquistei nesses quase 13 anos na Bélgica.
O POVO - Quais são os seus planos para o futuro? Seja na atuação e até mesmo na vida pessoal?Naiara - A coisa que eu mais gostaria é de me tornar uma atriz de verdade e ter meu nome no IMDb. Quando isso acontecer será o dia mais feliz da minha vida. Eu também sonho em escrever meus próprios roteiros e ter meus filmes, produzidos e dirigidos por mim mesma. Continuar na minha carreira de atriz e um dia ter meu próprio estúdio de filmagem e produção de cinema. Também sonho em escrever e publicar um livro. Sonho antigo esse!
Assista “La Fin De Tout”, com Naiara Moraes:
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