O grupo foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará por exigir a renúncia do cargo do antigo prefeito, sob a ameaça de divulgar vídeos e fotografias de relações sexuais do médico com uma funcionária da Prefeitura.
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Artur Wagner Nery assumiu a prefeitura de Uruburetama com o afastamento de José Hilson de Paiva — Foto: JL Rosa
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A Justiça Estadual do Ceará inocentou o atual prefeito de Uruburetama, Artur Wagner Vasconcelos Nery, o filho dele e vereador do Município, Alexandre Wagner Albuquerque Nery, a nora do gestor, a advogada Sandra Prado Albuquerque, e o empresário Francisco Leonardo de Castro Bezerra Melo de terem cometido extorsão contra o ex-prefeito, o médico José Hilson de Paiva.
O grupo foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) de exigir, em março do ano passado, que José Hilson renunciasse do cargo de prefeito, sob a ameaça de divulgar vídeos e fotografias de relações sexuais do médico com uma funcionária da Prefeitura.
O ex-prefeito, por sua vez, é acusado de crimes sexuais contra pacientes, nos municípios cearenses de Uruburetama e Cruz, como mostrou o programa Fantástico com exclusividade, em julho de 2019. Ele chegou a ser preso, mas já está solto.
Ginecologista grava vídeos de pacientes nuas e enquanto praticava abusos sexuais
O juiz da 6ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza absolveu sumariamente os quatro acusados de extorsão, em decisão proferida no último dia 19 de fevereiro. "Observa-se claramente, pelo exame dos depoimentos, que existe uma forte conotação política nos fatos narrados", concluiu o juiz.
Denúncia
Segundo a denúncia do Ministério Público, o empresário Francisco Leonardo foi até a residência de José Hilson, em Fortaleza, apresentou cerca de 25 fotografias que mostravam José Hilson tendo relações sexuais extraconjugais com uma mulher e ofereceu a carta de renúncia.
Caso o gestor não renunciasse, o vereador Alexandre Wagner iria divulgar o material para a imprensa, com consentimento da esposa dele, Sandra Albuquerque, e até do pai, à época vice-prefeito, Artur Wagner.
Questionado sobre a decisão da Justiça contrária à acusação, o Ministério Público afirmou, em nota, que "acatou a sentença e não acredita ser conveniente recorrer". "A autoridade responsável pela ação prefere se resguardar ao direito de não se pronunciar sobre o caso", completa o órgão.
O advogado Paulo Pimentel, representante da defesa de Artur Wagner, Alexandre Wagner e Sandra Albuquerque, sustentou que os clientes não praticaram o crime. "Analisando os autos, entendemos que o crime não havia. O doutor Artur, o doutor Alexandre e a doutora Sandra nem lá estavam, no local do fato. Não tinham sequer interesse", explica.
Já a defesa de Francisco Leonardo não foi localizada. No processo, o advogado alegou que o cliente era amigo de José Hilson e que "a todo momento agiu estritamente na tentativa de ajudar um amigo que estava à beira de vivenciar um verdadeiro escândalo em sua vida, oferecendo várias alternativas, entre eles a renúncia, a fim de evitar todos os efeitos negativos que uma exposição indesejada dessa amplitude pudesse resultar".
Crimes sexuais
José Hilson de Paiva era prefeito de Uruburetama e médico no Município quando denúncias de crimes sexuais cometidos por ele contra pacientes vieram a tona, demonstrados em imagens, no programa Fantástico, no dia 14 de julho do ano passado.
As denúncias contra o político se multiplicaram. No dia seguinte, ele foi afastado da Prefeitura. Dois dias depois, teve as atividades médicas suspensas pelo Conselho Regional de Medicina (Cremec). E em outubro do ano passado, teve o cargo de prefeito cassado pela Câmara Municipal de Uruburetama.
O médico foi preso, no dia 19 de julho. E denunciado pelo MPCE por crimes sexuais contra quatro mulheres, em dois processos, que tramitam em Uruburetama e Cruz.
No dia 1º de abril deste ano, ele teve a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar pela Justiça, com uso de tornozeleira eletrônica, por estar no grupo de risco para contrair a doença Covid-19. O advogado do médico, Leandro Vasques, defende que os crimes prescreveram, "tendo em vista que os vídeos em que essas pessoas aparecem datam de muitos anos atrás".
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Médico foi solto em abril deste ano, devido a pandemia do novo coronavírus — Foto: Kid Júnior
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