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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

CARTA PARA SÃO JOSÉ (CRÔNICA)


                                                      
CARTA PARA SÃO JOSÉ
(19 de março)
                            
            Um homem abre os braços e, olhando para o céu, se alia a lei da gravidade.
- Senhor, por que razão não me permite mais plantar o meu chão? Molhar o meu corpo com a água limpa que cai do céu? Pegar água do telhado em vez de comprar engarrafada? Por que Senhor, o tempo não muda e o homem da roça deixa de ser trator? Será Senhor, que existe esse tal de equinócio? Diga-me Senhor, se o meu orgulho ferido de sertanejo deve acreditar nas verdades dos homens da Ciência. Ah! Não, Senhor, a coisa aqui tá feia e o povo não crê em mais nada. Outro dia, inventei de fazer experiência e roubei o santo para ver se chovia. Levei foi um cacete da polícia. Peia pra dez, levei sozinho. Isto quer dizer que o que era atitude religiosa virou superstição e até boletim de ocorrência. Menos mal Senhor, boletim de ocorrência, por aqui, chamam de boletim de otário. Será Senhor que essa gente estudou demais e está se preparando para vos tomar o poder? Assim como o fizeram: O papa em Roma e o Luís Inácio, aqui no Brasil. Glória a Deus, Senhor! Não sei mais o que fazer, espero que o Senhor saiba.
            
Amanhã é dia vinte e se hoje não chover, dirão que sou um tolo e que ando venerando demais o infinito. Caso chova, meu Deus a estória será outras e os intelectuais de plantão irão tomar a sua cerveja gelada e comemorar a passagem do equinócio. Junto deles, iletrados que chamamos de cultos vão mangar do nosso Pai nosso. Que fazer Senhor? Se nem falar bonito eu sei, para vos defender. N’outro dia passaram por aqui umas pessoas querendo que eu mudasse de lado. É que, segundo eles, tinham criado uma nova igreja e elegido um pastor para cuidar e orar por nós. Quero dizer Senhor, que a nossa religião está sendo dividida e me acredite, o padre num tá nem aí. Também, ele não tem despesas, não paga aluguel, energia, água e em sua casa paroquial jamais vai saber o que é inflação. Os que se dizem evangélicos perturbam mais que político em tempo de eleição, todos os dias batem à nossa porta. Tem muita gente se passando pro lado deles. O Senhor sabe qual foi a última promessa deles? Vão fazer a transposição do Rio São Francisco.  Outro cara-de-pau prometeu, parcelando em doze suaves prestações, o meu lugar no céu. Agora me diga, espero pela chuva no dia de São José? Ou aceito essa tal transposição prometida por eles? Perdoe-me, as tantas dúvidas e dívidas, Senhor. Porém, farei um último pedido. Permita que eu atrele o, sempre simples, homem rude ao eterno sonhador.



Gonzaga Barbosa 26/02/15

Um comentário:

  1. Parabéns a nosso poeta e escritor, sua crônica revela as muitas condições as quais vive o homem sertanejo, suas duvidas quanto ao seu futuro, e no que acreditar, mas no seu coração, resta a esperança no nosso criador. Diz João, capítulo 8:32 ...conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará... Portanto resta também a cada cidadão nestas condições, que não mais quer compartilhar com tantas promessas infundadas, se educarem e assim se fortalecerem frentes a tudo isso, e não mais veem medidas politiqueiras que criam subclasses e levam a uma miséria moral dos mais humildes. Se educar significa conhecer as causas dos problemas que assolam o nosso dia a dia, e assim evitar esta vulnerabilidade a esses ou aqueles politiqueiros de plantão, que a todo dia espera à miséria alheia, para mais uma vez fazer suas promessas vazias e tão vazias, como quem as promete.

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