Não é de hoje que venho criticando certas premiações que vez por outra são noticiadas em setores “específicos” da imprensa. Tratam-se dos “prêmios” concedidos a prefeitos e secretários municipais por institutos, ONGs e associações de idoneidade duvidosa pelo suposto bom desempenho no exercício da função pública. Há, no entanto, uma questão a ser observada.
Tais instituições que premiam gestores como os melhores do Brasil ou do Estado não divulgam critérios que levaram à escolha de determinada figura política. Na educação, por exemplo, seria razoável que uma honraria de melhor secretário ou secretária estivesse condicionada à elevação dos índices de qualidade do ensino público.
E assim deveria acontecer em todas as áreas da gestão municipal. Mas isso não acontece e essas tais organizações premiadoras sequer conhecem as cidades nas quais seus agraciados governam (ou desgovernam). Em alguns casos prefeitos ou secretários incluídos nestas seletas listas dos “melhores” acabam virando motivo de piada entre seus conterrâneos, pois tamanha é a rejeição do sujeito.
É curioso ainda que em muitos casos os agraciados são “convidados” a viajar para cidades turísticas, geralmente litorâneas, para receber suas premiações. Mas para tanto precisam desembolsar uma pequena quantia relativa ao pacote de hospedagem durante os dias em que durar o evento. Em outros casos os doutos gestores têm que depositar uma “pequena” quantia a título de custeio do diploma, da medalha ou do troféu de “bonzão”.
Ora senhores, não é necessário recorrer a tais mecanismos para ter méritos reconhecidos pelo povo. As melhores referências que podem identificar um bom gestor são impessoais. Elevação do IDHM, queda da mortalidade infantil, redução do analfabetismo, redução da evasão escolar, diminuição dos índices de violência, redução do déficit habitacional, redução da pobreza extrema, aumento de investimentos em infraestrutura, etc.
E esse reconhecimento acontece através de organismos de credibilidade como Pisa, OMS, Unesco, Unicef ou ainda órgão ligados às administrações estadual ou federal que avaliam o desempenho de cada município através de estatísticas confiáveis. Quando para um gestor é necessário buscar reconhecimento fora de sua terra, mesmo que para isso, tenha que recorrer a expedientes pouco confiáveis, alguma coisa está errada.
Mardem Lopes
DRT 2652 CE
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