A feira presta homenagem a personalidades históricas da Região. O Cariri é contemplado com a recém-criada Biblioteca Padre Cícero - Os Saberes Nordestinos
FOTOS: ELIZÂNGELA SANTOS
Rio de Janeiro. É cedo do dia. Os permissionários de uma das feiras mais frequentadas do Brasil começam a se reunir para celebrar o aniversário, em missa que traz a tradição para mais perto. Em São Cristóvão é assim. No tradicional bairro imperial em plena Zona Norte do Rio de Janeiro, há 69 anos nordestinos dos nove estados da região, começam a chegar nos paus-de-arara e pedir a bênção do santo protetor dos motoristas, na igreja com o nome do santo padroeiro dos condutores.
Nas proximidades desse mesmo local, a saudade de degustar a típica comida das origens começa a tomar corpo e a troca das iguarias se torna mais ampla. Começa a Feira de São Cristóvão, hoje o Tradicional Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, uma das grandes referências turísticas do Estado carioca, onde frequentam mais de 300 mil pessoas a cada mês.
Um trio de forró pé-de-serra entoa as músicas da celebração religiosa. Em seguida, o bolo de 6,9 metros toma o espaço no centro da feira, em uma área coberta para mais tarde celebrar o 69º aniversário com o apagar das velas, numa programação final de semana inteiro.
Luta
Um espaço que se tornou afetivo para os milhares de nordestinos que decidiu morar no Rio de Janeiro, principalmente em busca de melhores condições de sobrevivência. No local, recentemente, foram criados novos espaços que fazem alusão direta que a personagens do Nordeste Brasileiro. O Cariri é contemplado, com a recém-criada Biblioteca Padre Cícero - Os Saberes Nordestinos, espaço pioneiro, iniciado por meio de decreto-lei, pelo legislativo local, traz a literatura nordestina de forma pioneira.
Além disso, conta com uma exposição com as relíquias do Padre Cícero.
Lembranças
Um espaço democrático, assim como são as feiras livres, para as manifestações dos artistas e dos que querem ter espaço para o seu trabalho. João Gordo, Agamenon, Índio. Os feirantes mais antigos são lembrados. A presença do Ceará é notada pelos participantes de forma marcante. E foram quatro deles, do sul do Ceará, conforme os mais antigos, que iniciaram a trajetória de um dos espaços mais famosos do Brasil. A eles, vão às homenagens póstumas. Marabá, um maranhense, é uma referência na área da cultura e ocupa diretoria específica para o assunto.
Os trios de forró pé de serra, cantadores de viola, são ouvido nos corredores, além dos mais modernos acordes das bandas modernas e estilizadas da região do Nordeste.
Valores
O presidente do Centro de Tradições Nordestinas, Helismar Leite, um cearense de Pentecoste, destaca o valor histórico e representativo do espaço, que ocupa uma área de 306 mil m², hoje um dos principais centros turísticos do Rio de Janeiro. Para os próximos anos, está prevista a implantação de um centro de documentação no local e a criação e uma universidade voltada para a valorização do Nordeste.
Segundo o assessor do centro, Marcelo Fraga, a finalidade é dar oportunidade aos estudantes, e muitos deles já frequentam o local, e pesquisadores, além das pessoas que pretendem conhecer o Nordeste de forma mais ampla, e por meio dos estudos, a região.
Na solenidade de aniversário, foi lançado o Selo dos Correios pelos 69 anos do Centro de Tradições, que também irá compor o acervo do Museu Postal dos Correios, além da biblioteca ser entregue. E o mês de setembro tem um motivo a mais para ser especial aos nordestinos, especialmente. Por meio de um projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa, de autoria da deputada Rosângela Gomes, o período passa a ser o mês das tradições nordestinas no Estado. Com isso, as comemorações contemplam o aniversário da feira, que em 20 de setembro marca a entrada dos feirantes para dentro do pavilhão. O dia 2 é o marco de criação da feira.
Pelos corredores, quase sempre lotados da feira de São Cristóvão, aberta de terça a domingo, e 24 horas nos finais de semana, encontra-se desde sósias de Luiz Gonzaga, como o paraibano José Pereira de Sousa, ex-feirante, estátua viva do cantor, patrono do espaço, a personagens pitorescos nordestinos. O humor do Ceará está presente com imitadores de Tiririca aos espetáculos protagonizados pelos artistas, como Tirulipa, que concentrou o público no riso, durante o aniversário do Centro. (ES)
Mais informações:
Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga
Campo de São Cristovão
São Cristovão,
Rio de Janeiro - RJ
Telefone : (21) 2580-5335E
Diário do Nordeste
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