Gostaria de ficar mais tempo sem escrever, já que acredito que estamos todos saturados de palavras e informações, mas, como sei que tenho um número considerável de pessoas me acompanhando diariamente, tenho um imperativo dever de consciência que me constrange a dar “meus gritos de alerta”, a manifestar minha indignação, a compartilhar nossas dores e esperanças comuns.
Um dos últimos casos (nem sei qual o último da hora) ocorridos no Brasil com relação à violência incontrolável que temos presenciado, foi o de uma jovem de apenas 15 anos de idade – Caroline Silva – assassinada barbaramente por alguns monstrengos (há quem os chame de “humanos”, mas determinar o que é isso leva muito tempo, debates e considerações de psicólogos, sociólogos e antropólogos).A delegada narrou estarrecida a frieza dos bandidos, que riam enquanto davam depoimento e diziam que a jovem mereceu levar bala, porque reagiu!
Um dos tais – homicida confesso – havia saído a poucos dias de um Centro de “Recuperação” de menores infratores, já carregando o estigma de latrocínio, e estava “zerado” com relação à justiça, retornando à condição de “réu primário”, por ter completado 18 anos!Nossos políticos e autoridades governamentais, que parecem desconhecer a ideia básica do que é um “Pacto Social”, no qual se presume o fato de que – o “leviatã” (Estado) que está ai Instituído justamente para proteger os cidadãos que o constituem e mantém com seus impostos e demais obrigações concernentes ao exercício da Cidadania sua própria existência – , está desmoralizado, inerme, inerte e inócuo em cumprir com seus deveres fundamentais: cuidar e proteger seus cidadãos.
É espantoso também o silencio das Igrejas, mormente evangélicas, que vivem discutindo questões de ordem moral como aborto e sexualidade, mas que não se posicionam e encetam uma Cruzada Nacional no sentido de realizar e cobrar posições dos governantes (dos quais vivem à sombra buscando benefícios) aquilo que é o fundamento de tudo: Direito à vida!Precisamos refletir profundamente sobre as implicações e explicações do “Não Matarás”! Parece óbvia a resposta, mas espero que meus amigos filósofos, atentem para o que pretendo suscitar ao evocar tal mandamento lapidar: será possível ao homem viver sem matar?
Prometo enfrentar esse tema em outro artigo, mas deixe-me concluir com uma frase do namorado da moça, que tanto tenho abordado em nossas reflexões:“Corri para o meio da rua para pedir ajuda. Ninguém parava. Ninguém me ajudava”.
Já ajudei muita gente no meio da rua e até entendo os riscos e as criticas que recebi dos que têm zelo por mim, dizendo que eu errei ao fazer isso.Lamento não controlar tal instinto de solidariedade, e simplesmente continuo a fazer – e me ponho a imaginar – que nada impede que coisas assim aconteçam a meus filhos, familiares ou amigos, e torço para que – se Deus os livre sofrerem alguma agressão – encontrem pessoas corajosas que se disponham a correr algum risco para socorrê-los.
Não sei quando a “ficha vai cair” e vamos compreender que neste mundo, “necessitamos de pouca coisa: talvez só uns dos outros”...
Darckson Lira.
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