Pastor Darckson Lira em: SERÁ O TEMPO?

“A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu porém, preserva a visão porque se refere a dias ainda mui distantes”. (Daniel capítulo 8, verso 26)

Algumas visões levam tempo mais longo para serem alcançadas, pois dependem de fatores alheios a nós, tendo também um ritmo próprio para que sejam efetivadas.

O tempo de espera é fundamental para o alcance e realização, porque é o tempo no qual nos capacitaremos para sustentá-la: logo, esse tempo de “parada” e espera, precisa ser visto com bons olhos, porque é nele que se formarão os caracteres necessários para que a pessoa chamada não seja somente uma visionária, mas saiba conduzir e administrar o processo como alguém realizador e não somente sonhador!

Forçar situações, como se pegar um botão de flor e tentar abrir com as próprias mãos, é o caminho do desastre! Melhor deixar a natureza fazer isso ao seu tempo.

Temos visões da “manhã” e visões da “tarde”: elas são interdependentes, e dificilmente alguém que não saiba administrar algumas, terão acessos e competência para realizar as outras.

Queimar etapas – atentai jovens aspirantes – e não cumprir a contento as tarefas que a vida nos entrega desejando livrar-se do fardo que nos impôs para receber o alívio e prêmio por antecipação, simplesmente não funciona no Reino do Espírito – onde a justiça na avaliação do que fazemos e havemos de obter como recompensa, jamais sofrem as influências que os negócios humanos neste mundo sofrem – pelo suborno com que compramos ou alcançamos coisas nesta vida!

Contudo, o texto diz que, no caso de Daniel, a visão era verdadeira – já que em muitos casos é irreal, produto de devaneios nossos – e pelo alto preço que pagou e os resultados que alcançou, prova-se que era real de fato. Afinal, o preço que estamos dispostos a "pagar" pelos nossos sonhos, revelam a seriedade e autenticidade que existem neles!

Mas, voltamos ao fator tempo que a todas as coisas prova: aquilo tudo eram para dias mui distantes.

Voltem às páginas da Bíblia e aproveitem para folhear as páginas da Vida, e vejam homens como José e Moisés, o sonho seguido das visões - e entre elas e a realização - o penoso tempo gasto, não em espera ociosa, mas em trabalho produtivo!

Quem não está pronto a ver o rosto vincar, os cabelos brancos tingirem a primavera de seus dias como aquela neve recobre os campos por ocasião dos rigorosos invernos, os ponteiros do relógio da vida girar repetitivos enquanto a paisagem e a moldura do momento (aparentemente oportuno) se faz, des-faz e re-faz e a angústia a perguntar: “até quando”?

Quem não suportar isso jamais terá aquilo...

E a orientação final: “Preserva a Visão”!

Cuidado com aquilo que certo louco filósofo (Nietzsche) chamou de “Idade da Pretensão”, porque se um grande valor está envolvido naquilo que se acredita ter recebido, é com grande humildade, modéstia e sem nunca perder o senso de responsabilidade, que se deve guardar o que lhe foi confiado.

“Esse olhar, esse gesto de pretensão, esse tom de voz, que um ouvido e que olhos finos reconhecem em todas as produções dessa idade, sejam poemas, filosofias ou pinturas e música”.

Preserva a Visão!

Atravessando rios ou desertos, vendo e sentindo as conspirações que vêm de fora e de dentro, consciente de tudo que pode representar um perigo para desfigurar aquilo que foi recebido e enquanto isso vê a compreensão aprofundando-se, a visão de si mesmo aclarando, curtindo, amadurecendo, aprofundando.

“Céu baixo, grosso, cinzento,

E uma luz vaga pelo ar,

Chama-me ao gosto de estar

Reduzido ao fermento

Do que em mim a levedar

É este estranho tormento,

De me estar tudo a contento,

Em todo o meu pensamento,

Ser pensar a dormitar ” 

(Virgílio Ferreira)

Darckson Lira.