E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.
Tu sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe.
Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade.
E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.
Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades.
Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!
(Marcos capítulo 10, versos 17-23).
É admirável a preocupação desse Jovem Rico, com a Vida Eterna.Normalmente a vida do rico é tão repleta de preocupações com negócios e empreendimentos, que não lhe sobra tempo para tais considerações metafísicas!
Um Jovem preocupado com seu destino eterno...
Bem fariam todos os homens e mulheres deste mundo, sejam eles novos ou velhos, se levassem tal preocupação à presença de Deus.
Jesus lhe diz que guarde os Mandamentos, e o Jovem afirma suas convicções religiosas alegando que já fazia isso a muito tempo. É nesse ponto que algo surpreendente acontece:
PRIMEIRO: Ele reconhece que lhe falta algo! Não lhe falta conforto, boa alimentação, muitos amigos (como convém aos ricos), empregados e toda sorte de bens; e se isso não bastasse, a vida lhe tinha dado riquezas, sobre outra grande riqueza: O vigor da juventude!
O impressionante é que, social e religiosamente falando, também não lhe faltavam virtudes.
Mas Jesus diz: Uma coisa te falta!O que estava em jogo não eram os bens em si, o abdicar ou não das muitas propriedades, mas, a posição e prioridade que Deus e seu chamamento tinham em sua vida.
SEGUNDO: Ele esteve frente a frente com o “maior negócio” com o qual a alma humana deve ser capaz de se ocupar, ele teve o privilégio de ficar frente a frente com Jesus, e desprezou a maior de todas as riquezas...Ele ficou triste, naquele caso específico ele imaginava que podia ficar com as duas coisas – servir a Jesus e às suas Riquezas – mas, foi desafiado a tomar uma posição, e optou por dar as costas àquela que foi a maior oportunidade e empreendimento de sua vida!
Bem poucos de nós – especialmente no mundo evangélico onde vocações para algum ministério que envolva pobreza são raras – estão prontos a encarar a necessidade de tomar uma posição tão extrema: desejamos seguir com nossa vida, e tirar algumas horas da semana para nos ocuparmos com Igrejas, Obras Sociais, Filantropia, etc.
Vez por outra vamos até um retiro ou acampamento, mas ainda assim, nossas preocupações com o que Paulo chama de “As coisas desta vida temporal” nos acompanham e sufocam.
Concluindo: Estamos profundamente identificados com aquele Jovem, com a natureza daquela chamada, porque cada um de nós possui aquilo que considera “suas riquezas” (seus brinquedos...) e desejamos servir a Jesus, desde que seja de modo “light”, sem aquilo que consideraríamos um exagero e sobretudo, um ato tresloucado, que seria abrir-mão de toda uma estrutura que nos custou muito caro (atenção, podem ser estruturas de pensamento).Afinal, para quem tinha seu dinheiro certo e bem investido, sair naquela aventura, contando com “moedas tiradas da boca de peixes” e caridade alheia não é algo simples.
Sejamos então generosos e não condenemos o Jovem Rico: ele sou eu, você, e um pouco de todos nós, sendo certinhos, bons cidadãos, religiosos, amando a Deus e cumprindo seus Mandamentos, MAS, jamais dispostos a assumir a radicalidade de uma chamada tão extrema.
“Então, Jesus olhando em redor”...
Darckson Lira.
É de muita valia para o espírito e para a vida ler uma reflexão como essa, as coisas do dia-a-dia, do mundo, como (trabalho, horários, compromissos, bens materiais e ilusões), nos cegam, nos distanciam da verdade, ao ponto de não sabermos procurar e nem sabermos ser felizes.
ResponderExcluirO homem é um pouco de cada um e quase nada dele mesmo, devemos ser muito de Deus e quase nada de ninguém.