“Bem aventurados os vossos olhos que veem e vossos ouvidos que ouvem”. (Mateus capítulo 13, verso 16)
Penso que foi Adélia Prado que falou: “De vez em quando Deus me tira da vida a poesia e quando olho uma pedra só vejo uma pedra”.
Sinceramente, lamento não ter tido a oportunidade de ser discipulado, e não me refiro a essas técnicas e modelos que se me aparentam artificiais de reproduzir o que chamam de “discípulos”, e que na verdade são meros reprodutores de visões muito limitadas da Bíblia, do Evangelho e da vida.
Falo sobre ter encontrado alguém apto a me orientar e conduzir por caminhos mais elevados, alguém com uma visão de Reino cósmica, ampla, e ao mesmo tempo, com aderência existencial histórica atrelada à dimensão prática da vida.
Confesso sem falsa modéstia, que teria recebido como um presente divino, coisas que escrevo e compartilho aqui publicamente, sem cobrar um centavo daquilo que me custou e custa caro!
Compreendo porque uma “meia dúzia” de discípulos e pessoas que nos acompanham, se referem frequentemente à gratidão que sentem pelas mensagens que me escutam pregar, pelos ensinos que ministro e pelas coisas que escrevo.
Temos de adestrar nossos olhos e ouvidos, para que possam ver e enxergar, ouvir e escutar!
Os discípulos de Jesus demoraram a descobrir o que estava além dos sinais miraculosos e curas maravilhosas: esse “sentido além”, essa percepção transcendente que tem faltado aos cristãos, que sequer conseguem sentir atração para tais coisas...
Daí, compreendemos o privilégio do “Bem Aventurado que tem Sede e Fome”!
Vez por outra, pastores, seminaristas, alguns que estão em processo de mestrado e doutorado em Teologia ou Filosofia, enviam-me questionamentos e pedem sugestões sobre assuntos vários.
Aplaudo os que se afadigam em ler volumosas obras (já vivi esse tempo), ou, se dedicam ao aprendizado de conhecimentos técnicos elaborados e gestados em outras mentes, mas que ainda não descobriram que a ciência, o conhecimento, a sabedoria está neles mesmos (ao buscarem se entender) e em cada coisa que existe neste mundo de encantos, terrores e mistérios.
Talvez se largassem um pouco os livros, e para alguns a orientação seria buscar livros, mas que aprendessem a ler com seus próprios olhos, se os tais saíssem desses espaços religiosos onde sem perceber estão sendo destituídos da capacidade inerente a cada ser humano de encontrar seu caminho, ai sim, começariam a ver Teologia nas estrelas cintilantes, história nas pedras, poesia nas plantas e pássaros, Filosofia em cada ser vivente e a Verdade na Vida!
Mas para que isso aconteça necessitamos ter “olhos e ouvidos de discípulos”.
E é claro, com tantos afazeres seculares e tantas atividades em nossas Igrejas, tantas palestras, tanto ensino, tantas mensagens, simplesmente não temos tempo prá isso.
Darckson Lira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário