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sábado, 26 de maio de 2012

As revelações da seca que castiga o Ceará. Ou: Sem água, não adianta ter aquário


Retirantes (1944), de Cândido Portinari. Sina nordestina?

O Nordeste sofre mais uma vez com a seca. Mais precisamente, a gente humilde do sertão sofre com a estiagem. Para socorrê-las, o governo do Ceará lançou uma campanha de arrecadação de água potável e de alimentos não perecíveis para distribuir entre as famílias atingidas, batizada de Força Solidária. Ninguém em sã consciência é contra uma iniciativa dessas. Nessa hora de necessidade, qualquer ajuda é preciosa. No entanto, é preciso estar atento para não se deixar enganar pelas aparências. O que parece agilidade governamental na verdade é disfarce para a própria imprevidência da gestão pública. Vejamos.

Fenômeno cíclico

Primeiro, não estamos diante de uma catástrofe inesperada. Secas são fenômenos perfeitamente esperados no semi-árido por uma série de razões, como pode atestar qualquer climatologista. Não constituem, portanto, nenhuma novidade ambiental resultante de eventuais desequilíbrios. Via de regra, é algo com que temos que conviver.

Segundo, quando governos lançam campanhas de solidariedade, é justamente a condição de emergência – o inesperado – que as justificam. Dificuldades de acesso ao locais a serem atendidos, destruição dos estoques ou grande número de desabrigados em função de alguma tragédia, demandam esforços adicionais que não estavam previstos. Agora, se o caso é crônico – “histórico”, como bem lembrou o secretário Nelson Martins, do Desenvolvimento Agrário – ou cíclico, políticas públicas de prevenção ou de convivência deveriam ter sido ser estipuladas pelo governo. Se ao longo dos anos as ações de vários governos contribuíram para reduzir os impactos de secas menores, fica claro que ainda não conseguimos conviver com uma seca maior.

Choque de realidade

Por último, resta evidente que os discursos de um novo tempo para o Ceará e para o Nordeste, alardeados na última década, não correspondem à realidade. Bolsa-família não garante geração de riqueza – é transferência de salário da classe média para os pobres, vendida como caridade oficial. Ameniza a penúria dos miseráveis em tempos de normalidade, mas quando a coisa fica difícil, o jeito é apelar à caridade dos cidadãos. A promessa de Transposição do São Francisco continua uma promessa que guarda um bocado de mistificação.

As cenas da nova seca remetem a uma memória não tão distante para os mais velhos. Animais mortos, terra esturricada, gente bebendo água barrenta, tudo compondo um lamentável choque de realidade. Se melhoramos em alguns aspectos nas últimas décadas, preocupa muito, choca mesmo, termos a mais básica das prioridades sem solução. Situação ironicamente expressa por uma metáfora casual, muito apropriada aos dias correntes: A construção um aquário milionário num estado onde falta água.

Fonte: Jangadeiro Online




Um comentário:

  1. Nordeste - Indústria da seca
    O que ocorre há décadas no nordeste Brasileiro é que o fenômeno natural das secas ensejou o surgimento de um fenômeno político denominado indústria da seca.

    Os grandes latifundiários nordestinos, valendo-se de seus aliados políticos, interferem nas decisões tomadas, em escala federal, estadual e municipal. Beneficiam-se dos investimentos realizados e dos créditos bancários concedidos. Não raro aplicam os financiamentos obtidos em outros setores que não o agrícola, e aproveitam-se da divulgação dramática das secas para não pagarem as dívidas contraídas. Os grupos dominantes têm saído fortalecidos, enquanto é protelada a busca de soluções para os problemas sociais e de oferta de trabalho às populações pobres.

    Os trabalhadores sem terra (assalariados, parceiros, arrendatários, ocupantes) são os mais vulneráveis à seca, porque são os primeiros a serem despedidos ou a terem os acordos desfeitos.

    A tragédia da seca encobre interesses escusos daqueles que têm influência política ou são economicamente poderosos, que procuram eternizar o problema e impedir que ações eficazes sejam adotadas.

    Até a nossa Pentecoste que tem um dos maiores potenciais hídricos do estado e está localizada numa região que é cortada por um rio perene(Curú)está incluída na situação de emergência. Só que no nosso caso é falta mesmo de competência, gerência e visão.

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