Um empreendedor cearense vence o Projeto Generosidade 2011 levando assistência técnica a pequenos produtores do interior
O economista Wagner Gomes teve uma grande alegria na semana passada. Ele foi o vencedor da quinta edição do Projeto Generosidade, uma iniciativa da Editora Globo que divulga e promove projetos e iniciativas de quem faz o bem. Wagner recebeu uma doação de R$ 200 mil que serão investidos na Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), associação criada por ele há cinco anos para estimular o desenvolvimento do interior cearense. Para chegar aos vencedores, o Projeto Generosidade avaliou o trabalho de 214 instituições. Algumas delas inspiraram reportagens nas publicações da Editora Globo. Foram avaliadas em função de seus objetivos, da capacidade de realização e do impacto comprovado para melhorar a vida das pessoas. A meta do Generosidade é incentivar a iniciativa de pessoas que usam seus talentos de forma voluntária, pelo bem da sociedade.
Gomes nasceu no município de Pentecoste, no interior do Ceará, e foi para Fortaleza, onde se formou em economia. Poderia trabalhar numa grande empresa e levar uma vida confortável na capital. Mas preferiu voltar para a região de Pentecoste. Seu plano era reduzir o êxodo rural, investindo em técnicas para aumentar a produtividade de culturas típicas da região, como a criação de cabras e abelhas. Agora, ele pretende criar um programa de crédito para os agricultores. Filho de produtores rurais sertanejos, Gomes conhece as necessidades dos pequenos produtores. “Para quem não tem nenhuma informação, qualquer apoio e orientação técnica já fazem uma diferença enorme”, afirma.
A história de José Dias, de 48 anos, segundo lugar no Generosidade deste ano, é parecida. Ele abriu o Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), no semiárido da Paraíba. Filho de agricultores, aos 8 anos José passou por uma grande seca no município de Teixeira, onde morava. Sofreu fome e sede. Mesmo assim, conseguiu concluir o ensino superior. Em 1989, decidiu criar uma associação para ajudar famílias da região. A entidade construiu 205 cisternas por meio de financiamento de fundos rotativos próprios, beneficiando 377 crianças, 344 jovens e 512 adultos. Com o incentivo de R$ 80 mil do Projeto Generosidade, Dias diz que investirá em mais cisternas. “Além disso, a visibilidade legitima nosso trabalho e faz com que as pessoas que ajudamos se sintam capazes.”
A ONG Capão Cidadão, terceira colocada no Generosidade, sobrevive com pouco. Instalada no bairro pobre de Capão Redondo, na periferia de São Paulo, reúne doações em bazares e feijoadas organizadas pela comunidade. A ONG arrecada cerca de R$ 2 mil por mês. Com esse orçamento, Paulo Roberto Clemente, fundador da entidade, oferece aulas de reforço escolar, música, futebol, teatro e dança para 176 crianças e adolescentes de 5 a 14 anos. Os R$ 40 mil de incentivo do Generosidade serão destinados à construção de uma rampa de acesso para pessoas com deficiência e de um refeitório, e para comprar sapatilhas de ponta para as meninas que fazem aula de balé clássico.
Gomes, Dias e Clemente mostram como iniciativas individuais podem melhorar a sociedade. “Esses projetos fazem a gente lembrar que, mesmo com a vida corrida, vale a pena parar para ajudar o outro”, diz Claudia Guimarães, da fundação Ashoka, que apoia líderes como eles.
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