Gustave Le Bon, extraordinário sociólogo, escreve em sua obra denominada de “As opiniões e crenças”: “ Que a alma popular (...) tem, como principal característica, a circunstância de ser inteiramente dominada por elementos afetivos e místicos. Não podendo nenhum argumento racional refrear nela as impulsões criadas por esses elementos, ela obedece-lhes imediatamente.”.
Fico admirando e analisando as reações das massas com relação aos fatos apresentados pela mídia.
Dou aqui logo a minha ressalva – aliás, ninguém, escapa dessa influência sem arranhões – ou seja, mesmo tendo consciência desses fenômenos sou suscetível a influências como todos os demais.
A diferença é que procuro por a cabeça de fora da multidão e avalio até que ponto eu estou me deixando manipular. E essa é também minha causa, a minha missão de tentar ajudar a conscientização das demais pessoas quanto a esses fatos.
Desde a primeira noticia do acidente desse jovem cantor, orei, até por um sentimento natural que brota em mim de modo bastante espontâneo, por exemplo, quando tenho o desprazer de ver a TV local aqui em Fortaleza, exibindo todos os dias os corpos de dezenas de jovens executados cruelmente em nossa periferia.
O que avalio, e penso que nossos “Pensadores e Pensadoras” devem fazer (Sapere Aude), é exatamente isso: “Sapere Aude” – ter ousadia, atrever-se a pensar de modo diferente da multidão que não raciocina, que simplesmente se deixa conduzir como uma manada!
É uma lástima o que ocorreu e torço como todos vocês pela difícil recuperação desse rapaz.
Mas já imaginaram que o jovem tinha uma boa vida? Que é um jovem forte, bem nutrido, está desfrutando dos privilégios de um príncipe, com os melhores médicos deste país, uma UTI aérea esperando para levá-lo a qualquer hospital no mundo que o dinheiro possa pagar?
Que está cercado do carinho da família e de milhares de amigos e centenas de fãs?
Por que não nos questionamos sobre nossas orações e mais atenção para os milhões de jovens abandonados em nossas cidades? Tenho ido semanalmente a bairros de periferia e visto de perto o rosto de desespero, a ausência de perspectivas, a desesperança e o medo presente nas famílias.
Espanta-me a facilidade com que a mídia desperta nossos sentimentos, as correntes se multiplicam, Os e-mails, os compartilhamentos pelo Facebook, etc.
Essa capacidade de manipular a subjetividade das pessoas conduzindo-as a atitudes de raiva contra alguém ou simpatia que a mídia possui, deve ser vigiada por nós, como diria Michel Foucault os donos das massas, aqueles que as controlam, estão ali, no seu “Pan-óptico” controlando bilhões, sem que eles percebam.
Gustave Le Bon como grande cientista e estudioso do comportamento das massas, avaliou muito bem essa tendência dos ajuntamentos humanos que simplesmente reproduzem idéias e pensamentos correntes.
“O ponto mais essencial, talvez, da psicologia das multidões é a nula influência que a razão exerceu nelas. As idéias susceptíveis de influenciar as multidões não são idéias racionais, porém sentimentos expressos sob forma de idéias.”
Quando entra a mídia com suas imagens bem elaboradas, com suas frases cuidadosamente editadas e selecionadas, a razão como que se desliga e passamos a agir só emocionalmente (sistema límbico domina).
Agora vejam que poder extraordinário esse midiático!
Pessoas como as que lêem agora esse artigo, que têm educação, conhecimento, esclarecimento – já lhes disse que preciso me policiar acerca disso – sofrem essas influências porque não estamos de fora dessa realidade social, nos encontramos imersos nela.
Por isso o grande Sêneca tanto ensinava a “fuga das paixões (isto é, entrega sem freios aos sentimentos) e o isolamento das multidões, aos que desejavam a sabedoria, porque na multidão está a tendência à irracionalidade”!
Minha gente, vamos discutir nossos graves problemas sociais, compartilhar temas edificantes que desafiem nosso pensamento, estimulem nossos amigos “Facebookianos” a refletir sobre as sérias questões e dramas sociais.
Oremos sim pelo Pedro Leonardo e por todos os milhões de “Pedros” que diferentemente dele, estão na pobreza, nos leitos imundos de hospitais sucateados, mal alimentados, sem perspectiva de futuro, esquecidos pela mídia e por todos nós...
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