Tucano ficou irritado com o silêncio dos Ferreira Gomes diante das críticas de Lula a ele e do apoio a Pimentel e Eunício Oliveira
Hébely Rebouças
hebely@opovo.com.br
Ítalo Coriolano
coriolano@opovo.com.br
17/06/2010 02:00
Avisita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Ceará, na semana passada, foi o estopim para o terremoto político que abalou a aliança de mais de duas décadas entre o deputado federal Ciro Gomes (PSB) e o senador Tasso Jereissati (PSDB). “A vinda de Lula acabou com a valentia dos Ferreira Gomes”, disse Tasso, durante reunião com prefeitos tucanos, na última segunda-feira.
A informação foi confirmada ao O POVO por um deputado estadual do PSDB que pediu para não ser identificado. Ele disse ter tomado conhecimento da declaração por um dos participantes da reunião e, surpreso, conversou com outros dois prefeitos, que teriam confirmado a reação de Tasso. “Está claro: existe a crise. Só não dá pra detectar se é em nível pessoal”, confirmou o deputado.
Outro parlamentar tucano – que também pediu para ter a identidade preservada – ressaltou que o líder maior do PSDB se referiu nominalmente a Ciro ao lamentar a “perda de valentia”. “O senador expôs de forma clara a decepção com Ciro, por ele não ter coragem de enfrentar Lula”, detalhou a fonte.
O mal-estar teria se intensificado após o presidente ter defendido, em entrevista exclusiva ao O POVO, no último dia 8, uma dobradinha entre José Pimentel (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) ao Senado, deixando claro o desejo de afastar Tasso da aliança protagonizada pelo governador e pré-candidato à reeleição Cid Gomes (PSB) – que tem Ciro como articulador direto. Na mesma entrevista, Lula bateu duro em Tasso.
O silêncio dos Ferreira Gomes diante do “recado” de Lula teria incomodado o tucano, que há pelo menos um mês esperava sinalização dos irmãos sobre os rumos da aliança entre PSDB e PSB. Tasso chegou a procurá-los, por telefone, mas não teria recebido retorno. “Na cabeça dele, ficou a imagem de que seria colocado para segundo plano”, avaliou um dos deputados que conversaram com O POVO.
Embora já estivesse no Brasil, após viagem ao exterior, Ciro não desembarcou imediatamente no Ceará, tampouco se pronunciou publicamente sobre a relação do PSB com o tucanato. O parlamentar chegou ao Estado no mesmo dia em que o PSDB anunciou que teria candidato ao Governo, mas não deu declarações.
Sintomas
Apesar de aparentemente súbito, o afastamento entre Tasso e Ciro começou ainda no ano passado. Em entrevista O POVO, em julho de 2009, sobre o que achava que Ciro deveria fazer diante da pressão de Lula para que transferisse seu domicílio eleitoral para São Paulo, Tasso respondeu: “Há muito tempo Ciro não ouve os meus conselhos. Então, não vai ser agora que eu vou dar. Conselho a gente só dá para quem quer”.
Agora, o próprio deputado federal também dá demonstrações de que a relação não anda boa. Em encontro com o presidente estadual do PDT, André Figueiredo, na última segunda-feira, Ciro teria dito que está “decepcionado com Tasso”.
HISTÓRICO
1986
Integrante do grupo ligado ao ex-governador Cesar Cals, Ciro Gomes foi eleito deputado estadual pelo PMDB, mesmo partido pelo qual Tasso Jereissati foi eleito governador naquele ano, derrotando o grupo dos coronéis – entre eles o próprio Cals. Embora analistas apontassem Ciro como potencial opositor, ele acabou sendo indicado, isso sim, líder do governo Tasso.
1988
Ciro foi eleito prefeito de Fortaleza, com apoio de Tasso.
1990
Já no PSDB, Ciro deixa a Prefeitura de Fortaleza nas mãos do vice, Juraci Magalhães, e disputa a sucessão de Tasso. Com apoio do então governador, é eleito.
1997
Ciro, rompido com o governo Fernando Henrique Cardoso, deixa o PSDB e se filia ao PPS.
1998
Ciro concorre a presidente pela primeira vez, contra Fernando Henrique, candidato à reeleição. Apesar da amizade, Tasso apoia FHC. Mas a relação com Ciro permanece inabalada.
2002
Tasso tenta concorrer a presidente, mas perde disputa interna com José Serra. Vira as costas, então, para a candidatura tucana e faz campanha aberta para Ciro, que concorria a presidente pela segunda vez.
2003
A eleição de Lula coloca Tasso e Ciro em campos opostos no plano nacional. Ciro vira ministro e Tasso vai para a oposição.
2004
Pela primeira vez, Tasso e Ciro ficam em lados opostos em uma eleição em Fortaleza, em função das negociações nacionais em torno da base aliada de Lula. Tasso apoia Antonio Cambraia (PSDB), enquanto Ciro fica com Inácio Arruda (PCdoB). Nenhum dos dois vai para o segundo turno.
2006
Tasso e Ciro pressionam Lúcio Alcântara (PSDB) para que não concorra à reeleição como governador. As negociações fracassam e Tasso rompe com Lúcio. Não declara acordo formal ao irmão de Ciro, Cid Gomes, mas lava as mãos em relação à disputa estadual, o que favorece a vitória do hoje governador.
2008
Ciro ignora a posição de seu partido, o PSB, que apoiava Luizianne Lins, e fica do lado de Tasso para apoiar Patrícia Saboya (PDT) na disputa pela Prefeitura.
2010
Insatisfeito com os ataques de Lula, em entrevista exclusiva ao O POVO, e com o silêncio dos Ferreira Gomes, Tasso encerra 24 anos de parceria política.
Fonte: O Povo
Economia
Anuncie aqui!!!
Legnas Criações
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Lula foi pivô da crise entre Tasso e Ciro
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Post Top Ad
Anuncie aqui!!!
Conteúdo
©2022 Todos os direitos são reservados ao Blog Notícias de Pentecoste, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita produzida originalmente pelo Blog sem autorização prévia, são proibidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário