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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Uma pentecostense e a vida sub-humana debaixo do viaduto

Sem saneamento básico, sem água encanada e sem energia elétrica, dezessete famílias moram embaixo do viaduto da avenida Mister Hull, no bairro Antônio Bezerra. Eles vivem dentro de amontoados de restos de madeira

Francilene, grávida de oito meses, lavava roupa debaixo do viaduto, enquanto sonhava com lugar melhor para criar o filho (RAFAEL CAVALCANTE)

Há cerca de um ano, Francilene Nascimento, 23, tomou para si o viaduto da avenida Mister Hull, no Antônio Bezerra, como lar. Ela veio, junto com o marido e com os seus dois filhos, do município de Pentecoste, localizado na região Norte do Estado, a 89 km de Fortaleza.

Quando chegaram à Capital, não encontraram emprego fixo e tiveram de ir morar na rua. “No início ele até ficou enchendo caçamba de caminhão, mas não ganhava quase nada e ficou logo desempregado”, conta Francilene.

Eles passaram cerca de dois meses à procura de um abrigo, mas as tentativas foram em vão. Foi quando uma “vizinha de calçada” lembrou que alguns companheiros estavam ocupando o viaduto “logo ali de perto”. Aí não deu outra: Francilene se mudou com o marido e com as crianças “de mala e cuia”.

Lá, eles e outras 17 famílias vivem sem saneamento básico, sem energia elétrica e sem água encanada. Vivem completamente à margem dos direitos humanos.

Diante da circunstância de morar nas calçadas, Francilene até gosta de morar debaixo do viaduto. “Aqui pelo menos é coberto e protege da chuva”, diz. Além disso, o amontoado de restos de madeiras que simulam uma casa servem para acomodar a família que cozinha, toma banho e dorme em um só lugar.

Grávida de oito meses, Francilene explica que os “homens da Prefeitura” fazem o cadastro para tirar os “barraqueiros” do local, mas vão embora e não voltam mais. “Mas na época de campanha é promessa direto. Eles prometem casa, prometem tudo e nada”, critica.

Ela tem, entre um de seus maiores sonhos, o desejo de conseguir a casa própria. “Queria um lugar melhor pra criar meus filhos”, emociona-se ao acariciar a barriga e ao lembrar-se do novo menino que nascerá no próximo mês.

Ajuda mútuaAli, no mesmo local, uma senhora forte e com cabelos já grisalhos também enfrenta as dificuldades de morar embaixo do viaduto. Ela fala com desenvoltura, mas não quis se identificar. “Minha filha, a gente não tem nada aqui. A gente vive de uma ajuda e outra que o povo vem deixar”, lamenta.

A sua neta mais nova, que não havia ido à aula por conta da greve nas escolas municipais, reclamava dos puxões que a avó dava na cabeça, ao tentar tirar um piolho aqui e ali que apareciam ao longo dos fiozinhos loiros. “Ai vó! É muito ruim”, dizia.

Os outros netos, que de instante em instante atravessavam a rua que separa a ocupação do outro lado do viaduto, também não escapavam do sermão da avó. “Menino, sai do meio da rua”, gritava.

A senhora insistia nas lamentações e pedia ajuda aos que passavam no local. “Eu sei que aqui é perigoso para criar esses meninos, mas a gente não tem para onde ir. A gente mal tem o que comer, imagine uma casa”.


Fonte: O Povo

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