Oferta de leitos públicos e privados é de 1.394. Regiões Norte e Fortaleza estão em situação mais crítica.
A abertura de leitos de alta complexidade no Ceará tem sido acompanhada de perto pelo aumento da necessidade de pacientes com Covid-19. Sistema atua na margem há semanas. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) no Estado é de 92,47%, considerando leitos públicos e privados. A oferta atual de 1.394 leitos já é 25% maior do que no pico da primeira onda da pandemia, quando o Estado chegou a 1.115 leitos de UTI exclusivos para Covid-19, em junho passado. As regiões de saúde Norte (96,67%) e Fortaleza (92,93%) estão em situação mais crítica.
Do total, 71% dos leitos de terapia intensiva são localizados na região de Fortaleza: 990. O segundo maior número de leitos é na região Norte, com 150 UTIs. Cariri soma 137 leitos para Covid-19, com 89,05% deles ocupados. Sertão Central tem 91 leitos e 89,01% de ocupação. Litoral Leste/Jaguaribe tem 26 unidades e 76,92% de ocupação, a menor taxa entre as regiões do Estado. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), atualizados às 19h03min de ontem.
Considerando os leitos de enfermaria, a ocupação no Ceará é de 80,02%. Conforme o sistema, 599 pacientes estão em regulação com "solicitação de transferência a outro leito de diferente complexidade". Nos últimos 15 dias, a média é de 2.025 novos casos e 45 novos óbitos inseridos no sistema diariamente.
Nessa segunda-feira, 12, foi aberta nova ala de UTI com 23 leitos no Hospital Estadual Leonardo da Vinci. O hospital, que é a unidade de referência contra a Covid-19, conta agora com 291 leitos, sendo 179 UTIs. Em dez dias, Fortaleza recebeu mais de 150 leitos para tratamento da Covid-19 na Rede Municipal de Saúde.
No município de Fortaleza, 13 hospitais têm todas as vagas em leitos de UTI preenchidas. É a primeira vez que a Capital atinge a marca neste ano. A média atual de ocupação dos leitos de alta complexidade nos hospitais de Fortaleza é de 93,97%.
Na semana passada, a região Norte chegou a registrar 100% de ocupação. Os municípios têm se deparado com a dificuldade de enviar pacientes que dão entrada em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais locais mas precisam de internação em leitos de UTIs.
O Ceará chegou a 474.978 casos confirmados de Covid-19 e 12.355 óbitos em decorrência da doença até ontem. Foram registrados 3.285 novos casos e 81 mortes por Covid-19 a mais em 24 horas.
Conforme Juliana de Paula, doutora em Saúde Global e Sustentabilidade pela Faculdade de Saúde Pública e professora do Centro Universitário 7 de Setembro, diante de um iminente colapso no sistema de saúde é preciso considerar que o momento atual é de "catástrofe". "Atuar com suporte financeiro, que o lockdown seja levado a sério", prioriza Juliana, que é diretora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas da Fundação de Saúde do Ceará (Funsaúde). O isolamento rígido no Estado está em vigor até próximo domingo, 21.
"Precisamos que o pacto federativo trabalhe como nunca antes, agindo de forma mais sistêmica. A gente não tem uma cultura de se programar. Muitos gestores se planejaram, mas outros não", aponta. "O sistema de saúde cearense tem muitas fragilidades, mas há um compromisso com medidas estruturantes. Conseguiram montar muitos leitos em curto espaço de tempo de forma regional, fortalecendo hospitais polo", acrescenta.
Segundo a professora, a sociedade como um todo precisa se conscientizar para atuar no combate. Mercado e instituições sociais, na análise dela, precisam atuar para que o Governo Federal seja chamado a desempenhar seu papel.
O POVO Online
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