O projeto de construção de bibliotecas comunitárias em Pentecoste é uma ação autônoma e solidária que conta como desejo de jovens pretas e pretos, de origem indígena, estudantes, cidadãos que têm a demanda de ter um espaço na comunidade e para a comunidade que promova livre acesso ao livro.
A jovem Bruna, idealizadora do projeto, entende que a biblioteca comunitária é uma ferramenta de descentralização e democratização da educação e da cultura, pois é nítido que nas comunidades periféricas é negado e negligenciado o acesso as políticas da cultura escrita, desta forma cabe a nós criar serviço de implementação da educação popular. Esse ambiente não é apenas para empréstimos de livros, mas também um local de encontro, que estimula a interação social, promove o aprendizado mútuo, a partilha de experiências, revivescências, história, leituras, amplia e entusiasma o habito da leitura, crescimento intelectual e pessoal, causa o sentimento de pertence, algo criado por nós e para nós.
A biblioteca Patativa do Assaré localizada nos Barreiros, na rua Josias de Oliveira Feijó em Pentecoste, foi criada na área da minha casa, espaço de apenas 5m², mas que demonstra a concretude de um projeto sonhado para a população que está na base do estrato social.
Recebeu este nome visto que, Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, foi um poeta e repentista brasileiro, um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX, sua história nos inspirar a formar e multiplicar produtores da arte, da terra, do interior e da periferia, vale lembrar que fizemos uma enquete para escolha do nome e o mais votado foi Patativa.
O sonho de desenvolver o projeto já estava sendo alimentada a bastante tempo, com base nas nossas insuficiências e carência de termos um local que fosse ponto de encontro literário e cultural. Porém, apenas em junho de 2020 foi articulado a prática e efetividade do projeto, no dia 21 de junho gritamos para Pentecoste-CE “estamos construindo um projeto que tem como objetivo a democratização e a inclusão da leitura”, fizemos um perfil para divulgar as atividades nas redes sociais, pois no contexto de pandemia se tornou mais difícil entrar em contato direto com as pessoas.
Bruna, graduanda do curso de letras língua portuguesa na UNILAB tem 21 anos e mora no bairro Barreiros, na rua popularmente conhecida como "rua do mosquito". Ela criou um grupo com pessoas que tinham o mesmo intuito que eu e nós fizemos a divulgação do projeto e lançamos a campanha de doação de livros. A construção do projeto foi realizada de maneira coletiva, com ajuda do pai, mãe, irmãos, companheiro e amigos trabalharam duro na arrecadação de livros, busca por estrutura e instrumentos para fazer tudo isso acontecer.
As crianças que também participam do projeto, subiram no palco e mostraram seu talento, outras se divertiram com jogos, admiravam os livros, fizemos uma atividade a qual tem o objetivo de apresentar 10 mulheres negras e heroínas sobretudo na literatura brasileira e com o grupo lembra a morte da vereadora assassinada no Rio de Janeiro, Mariele Franco que tanto inspira o projeto.
A biblioteca não é um fim, mas dos meios que temos de engajamento na educação e cultura sobretudo na periferia.
"Nós queremos romper o olhar marginalizado para as periferias e o preconceito o qual aponta das comunidade periféricas como núcleo de criminalidade, nós temos cultura, temos talentos, gostamos ler, somos autores e autoras, artistas, estudamos trabalhamos... só não somos reconhecidos, não é investidos em políticas públicas na favela. Mas nós (R)existimos!" Ressalta Bruna.
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