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sexta-feira, 6 de março de 2020

Em apenas dois meses, Ceará já igualou quantidade de mortes por raios registradas em todo o ano passado

Entre janeiro e fevereiro foram registradas quatro mortes em acidentes com descargas atmosféricas, mesmo número observado nos 12 meses de 2019.

Por Rodrigo Rodrigues, G1 CE


Incidência de raios no Ceará — Foto: Reprodução/TV Verdes Mares

No ano passado, o Ceará foi o estado do Nordeste com maior número de mortes ocasionadas por descargas atmosféricas. Foram oito acidentes registrados e quatro óbitos, segundo levantamento da Associação Brasileira de Conscientização Para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). A atenção, no entanto, precisa ser redobrada. Apenas nos dois primeiros meses deste ano, já foram registrados pelo menos cinco acidentes e quatro óbitos decorrentes de raios.

O último incidente, ocorrido por volta das 8 horas do dia 15 de fevereiro, por pouco não se transformou em tragédia. Renato Alves, de 40 anos, foi atingido por uma descarga atmosférica na zona rural de Juazeiro do Norte, no Cariri. O agricultor sofreu queimaduras em 30% do corpo. “Eu estava num barraquinho protegido por uma coberta de lona que tinha na roça e, quando coloquei a cabeça para o lado de fora, eu recebi a descarga”, lembra.

Ranking de Mortes no NE (2019):

Ceará: 4 mortes
Maranhão: 3 mortes
Piauí: 3 mortes
Rio Grande do Norte: 1 morte
Sergipe: 1 morte
Alagoas: 1 morte
Bahia: 1 morte
Pernambuco: 1 morte

Ao ser atingido, Renato conseguiu pedir ajuda. “Eu só lembro que saí procurando o meu filho e esperei o socorro. Depois, pronto, apaguei”, ressalta. Apesar de não ter sido atingido diretamente pelo raio (foi vítima de uma descarga indireta), o agricultor perdeu a audição no ouvido direito e parte do sentido no ouvido esquerdo. “Não sei o que vou fazer da minha vida. Viver da roça, com a audição ruim, é complicado”, lamenta.

Cuidados Redobrados

Em 2019, as mortes registradas pela Abracopel ocorreram nas cidades de Santa Quitéria, Santana do Acaraú, Fortaleza e Pindoretama. Uma delas foi a da atleta campeã de surf, Luzimara Souza, em uma praia da capital. O acidente aconteceu em março do ano passado e, na ocasião, um outro atleta chegou a sofrer queimaduras, mas sobreviveu.

O problema reflete o cenário nacional. O Brasil saiu de 51 para 85 acidentes com raios e de 38 para 50 mortes, de 2018 para 2019. Para o diretor executivo da Abracopel, Edson Martinho, o conhecimento do fenômeno é fundamental. “Saber os riscos faz com que você saiba se proteger. No meio urbano, como existem muitos prédios, o ideal é procurar esse abrigo. Já nas zonas rurais, a pessoa deve ficar de cócoras, o que reduz a “tensão de passo”, mas nunca debaixo de árvore ou de locais que o raio pode chegar”.

A tensão de passo é a diferença de potencial presente entre as pernas do corpo humano. Animais sofrem mais com essa tensão por terem os membros mais distantes.

Edson ressalta que, além da educação, é necessário que as edificações estejam equipadas corretamente com instrumentos para evitar as descargas. “Os prédios precisam estar equipados com para-raios para serem eficientes”, acrescenta.

"A chance de uma pessoa ser atingida e sobreviver é quase nula. O raio vem com uma energia absurda. O que acontece muito são descargas próximas da pessoa, que a gente chama de descargas indiretas”, finaliza.

Casos

Neste ano, nos primeiros dois meses, os acidentes com mortes aconteceram nas cidades de Jaguaruana e Crateús, ambos na área rural, e em Itarema e São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza.

9 de janeiro: Um caminhoneiro morreu após ser atingido por descarga elétrica no início da tarde, na localidade de Sítio Perereca, em Jaguaruana. Segundo a Polícia, outras três pessoas também foram atingidas pelo raio.

15 de janeiro: Um adolescente de 15 anos morreu vítima da descarga elétrica de um raio em Crateús, no interior do Ceará. O caso aconteceu na localidade de Alto.

10 de fevereiro: Um agricultor, de 48 anos, perdeu a vida após ser atingido por um raio enquanto almoçava, na zona rural de Itarema. O corpo foi encontrado a alguns metros de uma cerca.

10 de fevereiro: Um homem morreu após ter a casa destruída por um raio, em São Gonçalo do Amarante, na Grande Fortaleza. A casa fica no Povoado Bandeira, no Distrito de Siupé.

Raios

Segundo dados do Sistema de Monitoramento e Alerta, da Enel Distribuição Ceará, o Ceará registrou, apenas nos dois primeiros meses do ano, 89.900 descargas atmosféricas. O número é superior ao observado nos 12 meses de 2019, que somou 74.304 raios. O município mais atingido este ano foi Santa Quitéria (4.070), seguido por Granja (3.599), Sobral (2.998), Crateús (2.195) e Ipueiras (2.033).

Além disso, fevereiro foi o mês com maior incidências nos últimos três anos. Foram 47.088 raios, com cerca de 64% registrados na área operacional Norte da Enel. A empresa indica alguns cuidados a serem tomados a fim de diminuir os acidentes:

Dentro de casa durante tempestade:

Evitar o uso do celular, secador de cabelo e ferro elétrico conectados à tomada;
Evitar uso de chuveiro ou torneira elétrica;
Evitar consertos de instalações elétricas;
Se possível, permanecer dentro de casa enquanto a tempestade durar.

Cuidados fora de casa durante tempestade:

Evitar contato com objetos metálicos, como cercas de arame, tubos metálicos e principalmente linhas telefônicas ou elétricas;
Evitar estar em locais como campos abertos, piscinas, lagos, praias, árvores isoladas, postes e locais elevados.

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