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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

“Em 4 anos de guerra, nunca senti medo como em Fortaleza”, relata imigrante sírio

“Eu passei quatro anos na guerra e nunca colocaram uma arma na minha cabeça. Aqui, em dois meses eu já passei por isso”. É o que diz o imigrante sírio Samer Albadin, que se mudou para Fortaleza buscando refúgio da guerra civil que assola seu país. Mal sabia o que encontraria na capital cearense.

Albadin chegou a Fortaleza em 2014, e rapidamente percebeu que a cidade enfrenta um momento complicado na segurança pública. “Eu não me sinto seguro, acho que ninguém se sente seguro aqui. A gente precisa evitar lugares que sabemos que são mais perigosos, mas atualmente todo lugar é perigoso“, reflete.

Esse é um dos relatos que o Tribuna do Ceará ouviu de estrangeiros de países violentos ou sob conflito que fizeram de Fortaleza o seu lar. Por mais que os problemas de insegurança sejam diferentes em cada canto, as percepções de cada um mostram que Venezuela, México, Síria e Líbano não estão tão distantes de Fortaleza quando o assunto é violência.

Na última semana, a capital cearense ganhou repercussão mundial com a chacina no Bairro Cajazeiras. O caso jogou luz à crise na segurança pública do Ceará, onde houve 5.134 homicídios em 2017 – média de 14 por dia.

O que dizem os imigrantes

O libanês Tony Moussa veio para o Brasil em 2000. Viveu de perto o conflito entre palestinos e israelenses no Oriente Médio, assim como agora encara a insegurança em Fortaleza.

“Aqui eu já fui assaltado e levei um tiro. Estava com um amigo no carro e o bandido pediu a chave. Meu amigo ficou nervoso e não conseguiu tirar a chave. O bandido disparou e pegou na minha perna”, lembra Moussa.

O imigrante se impressiona como o ato de roubar é indiscriminado no Ceará. “Não tínhamos problemas com assaltos, o nosso problema era a guerra. Assalto com arma de fogo é raríssimo, lá o ladrão sente vergonha de roubar, é um ato vergonhoso. Isso é pela cultura que temos no Líbano”, explica.

Moussa lamenta o momento que Fortaleza atravessa. “Infelizmente existem riscos na cidade, é um lugar maravilhoso e devia ter mais segurança. Entre os dois países, o risco maior é aqui. Lá você sabia as áreas onde não podia andar, aqui não tem bairros protegidos. Eu gosto muito de morar em aqui, torço pra essa nuvem passar”.

A mexicana Gabriela Madero conta que vê similaridade em casos como a Chacina das Cajazeiras, onde 14 pessoas foram mortas, com o que acontece nos últimos anos em seu país, dominado pelos cartéis do tráfico. “No México é parecido com esse incidente que aconteceu agora. Bandos que acabam matando pessoas inocentes em um lugar. São coisas extramente ruins que o governo não pode deixar passar”, opina.

Mas mesmo no México ela não vê alguns riscos comuns em Fortaleza. “Aqui sei que não posso andar com meu celular na rua, lá ainda posso fazer isso”, compara Gabriela, lamentando que a insegurança faça parte da rotina em alguns países do continente.

“Todos os países têm problemas de insegurança, uns mais outros menos. Acredito que os brasileiros, como os latinos, possuem a insegurança naturalizada no dia a dia”, comenta.

O venezuelano Fabrício Perez acredita que segurança pública de Fortaleza se assemelha ao seu país, que vive forte violência devido à crise financeira que gerou inclusive escassez de alimentos. Porém, o imigrante ainda considera a capital cearense mais segura que Maracaibo, onde vivia.

“Aqui sinto mais tranquilidade. Na Venezuela, todo assalto é com arma de fogo. Sinto que o risco de perder a vida é maior lá”, compara Fabrício, que, porém, incorporou em Fortaleza uma vigilância que mantém em sua terra natal. “Não se pode baixar a guarda, nem aqui e nem lá”, revela. “Ninguém merece isso”, constata.

Hábitos alterados

O sírio Samer Albadin, que abre esta reportagem, também precisou mudar hábitos para se adaptar à dinâmica de Fortaleza. Quando chegou à cidade, ele foi informado sobre a insegurança, mas não imaginava que chegasse a tanto.

“Dois homens me pararam em uma moto e levaram meu celular. Lá nunca tive preocupação em andar na rua, ter que guardar relógio, anel e cordão. Mesmo na guerra isso não acontecia”, relata o imigrante, que depois de quatro anos em Fortaleza vê que o problema só piora. “A gente sente que a insegurança cresceu”.

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