28% dos alunos no Brasil já sofreram maus-tratos

Pelo menos 28% dos estudantes brasileiros entre as quinta e oitava séries do primeiro grau já sofreram maus tratos. Segundo pesquisa divulgada ontem pela organização não-governamental (ONG) Plan Brasil, 1.477 dos 5.168 alunos entrevistados para o levantamento foram agredidos em 2009.

 Quando os maus tratos  acontecem mais de três  vezes no mesmo ano, há  o  bullying, de acordo com  a metodologia da pesquisa. O termo designa todo tipo de atitudes agressivas, verbais ou físicas, praticadas repetidamente por um ou mais estudantes contra outro aluno.   Estiveram envolvidos em  bullying 17dos discentes, seja como agressores ou  vítimas. Os mais atingidos por esses fatos são os meninos.

De acordo com o estudo, 12,5 dos estudantes do  sexo masculino foram vítimas desse tipo de agressão,  número que cai para 7,6 entre as meninas.   O Nordeste é a região brasileira onde o  bullying  é menos  comum: apenas  entre 7,1dos  estudantes  A sala de aula é apontada como local preferencial das agressões, onde ocorrem cerca de 50% dos episódios relatados.  

As regiões onde a prática se mostrou mais freqüente foram o Sudeste,  com 12,1% e o centro-oeste, com 14%. O Nordeste é a região do País onde o  bullying é menos  comum, apenas entre 7,1 dos estudantes.   A educadora Cléo Fante diz ser importante que os pais e professores estejam atentos e saibam diferenciar o  bullying  de uma brincadeira entre  os jovens.

As práticas violentas acabam por causar prejuízos na aprendizagem dos agredidos.   Os sintomas mais citados na pesquisa são perdas de entusiasmo e concentração e medo de ir à escola. Os agressores também têm problemas, de acordo com Cléo.   Muitos acabam ficando deslocados ao chegar ao ensino médio, quando o  bullying é menos tolerado. 

De acordo com ela, tanto a  família como a escola propiciam, por diversos motivos, a prática do  bullying.   Ela ressaltou a própria cultura divulgada pelos meios de comunicação. "Os programas humorísticos geralmente pegam como alvo grupos de minorias. É o anãozinho, o negro, o homossexual. Então são esses grupos que eles apelidam e constrangem", exemplificou Cléo, para quem as escolas não têm estratégias para lidar com o  bullying

Fonte Jornal O Povo