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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

'Não fui eu que matei minha filha e minha esposa e vamos provar isso', diz acusado de crime em casa de veraneio no Ceará

Único suspeito pelo crime, Marcelo Barberena está solto desde o início do mês de agosto e se diz inocente. A acusação acredita que o acusado é culpado pelo crime.

Marcelo Barberena diz que foi forçado pelas autoridades a, em determinados momentos, confessar que matou a mulher e a filha. — Foto: Kid Júnior / SVM





Quase quatro anos depois, o crime que vitimou Adriana Moura de Pessoa e Jade Pessoa de Carvalho, mãe e filha, respectivamente, permanece com duas versões distintas. Marcelo Barberena Moraes, único suspeito do caso e esposo e pai das vítimas, foi solto há poucos dias, devido ao entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que ele passou tempo excessivo encarcerado, sem condenação.


Barberena é acusado de matar a mulher e a filha em uma casa de veraneio em Paracuru, litoral oeste do Ceará, em agosto de 2015. Segundo a polícia, Adriana e Jade dormiam em um quarto da casa quando foram assassinadas a tiros, às 2h da manhã. Na casa, duas famílias, a das vítimas e a do irmão do acusado, passavam o fim de semana. No último dia 8, Barberena recebeu habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois depois de quase quatro anos preso. Ele teve direito à liberdade por estar preso ainda no aguardo do julgamento.


Em entrevista concedida ao G1 nesta quinta-feira (22), Barberena lembrou o ocorrido do dia 23 de agosto de 2015, além de tudo o que veio depois da tragédia. Segundo o acusado do duplo homicídio, ele foi forçado pelas autoridades a, em determinados momentos, confessar o crime. Marcelo disse que acordou naquela manhã, em Paracuru, cidade da Região Metropolitana de Fortaleza, e já encontrou a esposa ensaguentada.



"Eu fui dormir 00h30 e acordei 5h40. Fui falar com a Adriana. Cheguei no quarto e a Adri estava gelada. O travesseiro sujo de sangue. Saí dali nervoso. Chamei o Rafa, meu irmão médico, e chamei a Ana, minha cunhada. O Rafa foi atender a Adri e a Ana foi atender a Jade. Nos primeiros minutos eu fiquei nervoso. Vi que tinha sangue e a Adriana não estava respondendo. Me sentei no chão. A minha cunhada disse que a Jade também não estava bem. Peguei o telefone e fui para frente da casa. Não vi a Jade naquele dia", recordou Marcelo, afirmando que ali iniciava o episódio a modificar dezenas de vidas de duas famílias.
Adriana Pessoa Moraes foi assassinada pelo marido, junto com a filha, em Paracuru — Foto: Arquivo Pessoal


O homem foi preso ainda no dia 23 quando, segundo as autoridades, teria confessado os assassinatos. A Comarca de Paracuru, da Justiça Estadual do Ceará, aceitou a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) e o homem virou réu, no dia 15 de setembro daquele ano. Marcelo afirma que na vez que assumiu a autoria das mortes foi por não ter aguentado a pressão das perguntas feitas a ele horas depois de ter perdido Adriana e Jade.

"No meu primeiro depoimento eu disse que não tinha sido eu. Estava com meu advogado presente. No dia seguinte, às 5h, a delegada me tirou do DHPP, me colocou no camburão e me levou de volta à Paracuru. Lá foram três horas e meia de interrogatório. Depois disso, durante todas as noites, a delegada me tirava para fazer interrogatórios individuais. Foram sete depoimentos que eu dei até ela ficar satisfeita", afirmou Marcelo Barberena.

Confissão voluntária

O advogado da acusação, Leandro Vasques, garante que a confissão da autoria do crime aconteceu de "maneira absolutamente voluntária" e uma das vezes na presença do advogado do acusado. Segundo Vasques, os laudos das perícias comprovam que o DNA de Barberena foi encontrado na arma que estava próxima à filha do casal. Representando a acusação, o advogado destaca outras perícias, a exemplo da que constatou que os projéteis que saíram da arma de fogo e atingiram as vítimas, são os mesmos.

"A perícia também atesta que não houve sinal de arrombamento na casa. Então, quem teria assassinado as vítimas? Além disso, há comprovação científica de chumbo localizadas no short que estava sendo vestido por ele. O que ele busca fazer é talvez construir uma versão pinoquiana, uma versão mentirosa, fruto de um delírio tentando ludibriar alguns e querendo fabricar uma acusação séria e mentirosa contra a autoridade policial. Em momento nenhum ele foi coagido e ele sabe disso", ponderou Leandro Vasques.

Os laudos que o G1 teve acesso comprovam a fala de Vasques. Nos documentos emitidos pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e anexados aos autos há ainda a constatação de que a acústica do imóvel permitia que, do quarto onde Barberena estava naquela madrugada, fossem ouvidos os disparos.
Laudo obtido pelo G1 mostra que a acústica do imóvel permitia que, do quarto onde Barberena estava naquela madrugada, fossem ouvidos os disparos. — Foto: Reprodução


Separação

Marcelo Barberena admite que ele e Adriana tinham discutido e já não mantinham mais relação como casal. De acordo com o acusado, eles já estavam em processo de separação sem que a filha de oito meses tivesse motivado aquilo: "Nunca teve essa história de eu não gostar da minha filha. Isso de dizer que ela era um entrave não existe, estão arranjando desculpa para isso".

Em nome da acusação, Vasques ressaltou que a família de Adriana e Jade aguarda que Barberena seja submetido a júri popular e ao Conselho de Sentença de Paracuru. Para Leandro, houve motivo torpe e o crime foi praticado de forma abominável. "Essa postura dele de desafiar a inteligência das pessoas é algo mais impiedoso do que se possa parecer. Ele certamente será condenado porque as provas periciais são dados inquestionáveis", acrescentou.

Quando determinada a soltura, a Justiça decidiu também que a cada dois meses Marcelo Barberena deve se apresentar as autoridades e está proibido de mudar de residência sem prévia autorização judicial, sair do estado do Ceará, mesmo temporariamente, sem prévia autorização da Justiça, e de ter contato pessoal com as testemunhas do processo. No início deste mês, a Vara Única da Comarca de Paracuru informou que o "o processo teve tramitação regular e todos os prazos foram cumpridos, mas a defesa vem apresentando reiteradamente alguns recursos, que a legislação processual assim permite".

Por Emanoela Campelo de Melo e Wânyffer Monteiro, G1 CE

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